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G1

Um livro que contém esperança para todos nós

Obra traz relatos de como o diagnóstico mudou as vidas de 46 pacientes com doenças graves O ponto de partida foi quando a jornalista e escritora Ana Holanda foi convidada a dar uma oficina de escrita para os frequentadores da Casa Paliativa, um espaço de convivência para pacientes com doenças graves e de prognóstico desfavorável. “Oficina dada, acreditei que minha participação se encerrava ali. Ledo engano. Minhas palavras passaram a morar naquelas pessoas. E textos começaram a nascer. Um atrás do outro”, ela conta na introdução do livro “Contém esperança – histórias sobre viver e conviver com uma doença grave”, da editora e-galáxia. No prefácio, a médica Ana Claudia Quintana Arantes, autora do best-seller “A morte é um dia que vale a pena viver”, resume: “tanta vida transborda nessas linhas”.
A jornalista e escritora Ana Holanda, organizadora do livro “Contém esperança – histórias sobre viver e conviver com uma doença grave”
Divulgação: Carolina Pires
São 46 textos que se irmanam em s..

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Obra traz relatos de como o diagnóstico mudou as vidas de 46 pacientes com doenças graves O ponto de partida foi quando a jornalista e escritora Ana Holanda foi convidada a dar uma oficina de escrita para os frequentadores da Casa Paliativa, um espaço de convivência para pacientes com doenças graves e de prognóstico desfavorável. “Oficina dada, acreditei que minha participação se encerrava ali. Ledo engano. Minhas palavras passaram a morar naquelas pessoas. E textos começaram a nascer. Um atrás do outro”, ela conta na introdução do livro “Contém esperança – histórias sobre viver e conviver com uma doença grave”, da editora e-galáxia. No prefácio, a médica Ana Claudia Quintana Arantes, autora do best-seller “A morte é um dia que vale a pena viver”, resume: “tanta vida transborda nessas linhas”.
A jornalista e escritora Ana Holanda, organizadora do livro “Contém esperança – histórias sobre viver e conviver com uma doença grave”
Divulgação: Carolina Pires
São 46 textos que se irmanam em sua paixão pela vida, na ressignificação da existência e no prazer de saborear cada dia, porque todos os momentos são únicos e insubstituíveis. Ao longo do processo de edição da obra, alguns dos autores morreram, mas deixaram um legado para todos nós. São tantos e tão bons os relatos que selecionei alguns para compartilhar com os leitores do blog.
Ana Michelle Soares, ou AnaMi, coordena o projeto Casa Paliativa ao lado da doutora Arantes. Tem um câncer de mama e está em tratamento contínuo desde 2011, experiência que rendeu inclusive um livro: “Enquanto eu respirar”. Sobre o câncer, escreve: “ele não tem que ser um espaço de morada. É apenas um diagnóstico, não é o que identifica minha individualidade, meu sentido, minha vida. A escolha foi transmutar tabu em normalidade, dor em significado, cura em decisão. Pessoas morrem todos os dias sem diagnóstico algum. A finitude é crônica, e isso nos coloca em igualdade com qualquer ser vivo sobre a superfície deste planeta”.
Ana Michelle Soares, ou AnaMi, coordena o projeto Casa Paliativa
Divulgação: Marcelo Naddeo
Patrícia de Oliveira recupera a jornada desde o primeiro diagnóstico – uma labirintite – para sua falta de equilíbrio, até receber a notícia de que tinha um glioma cerebral e que o tratamento seria paliativo. “Outro dia, minha filha Thainá, de dez anos, me perguntou: ‘Mamãe, você vai ter coragem de me deixar?’. Fiquei sem resposta, mas minha alma se rasgou e entendi que precisava, a partir daquele momento, ensinar a minha filha que não sou assim tão necessária. Mostrar para um filho que você não é uma mãe necessária e que eles podem e devem seguir pela vida com independência é uma grande prova de amor”, discorre.
Elaine Cristina Valente lembra que, em outubro de 2019, recebeu um envelope branco, grande, que anunciava que o câncer de mama vivido em 2016, e teoricamente superado, havia voltado e estava alojado na coluna. “A partir de então, faria parte de todos os minutos subsequentes”, diz ela, afirmando que construiu um relacionamento “saudável” com sua finitude: “esse entendimento trouxe o valor do meu agora. Todo minuto passou a ser sagrado, saboreado e, mesmo quando o gosto é amargo, ainda assim é o meu presente, é o que tenho, onde estou e onde posso ser quem sou”.
Natália Garcia se descrevia como “uma passageira desenganada, consciente que as turbulências servem para trazer animação à viagem” e foi um dos autores que morreram antes do lançamento. Conta que, em 2016, faltava uma semana para seu aniversário de 30 anos quando descobriu que tinha um câncer de ovário grau IV.
“Até meados de 2019 vivi na expectativa da cura, então a doença evoluiu para metástase, e a cura passou a ser diária. Não vivo cada dia como se fosse o último, vivo como se fosse o único. Gostaria que todo ser humano tivesse a consciência da finitude como um paciente portador de uma doença grave, incurável, que ameaça a continuidade da vida. Vocês merecem viver desenganados assim como nós!”.
Uma jornada de superações marca as narrativas. Jussara Del Moral, em tratamento paliativo há 14 anos, criou e apresenta o canal SuperVivente no Youtube. Renata Rodrigues rememora os 20 anos desde o diagnóstico, quando ia completar 18. “Ao longo desse tempo, recebi muitos nãos: resultados de exames, algumas cirurgias, órgãos a menos, efeitos colaterais diversos e muitas dores. Porém a vida me deu uma imensidão de sins, e é neles que quero focar. Quero deixar aqui registrados todos os que a vida em deu: sem invasão de células; vamos nos casar; você está grávida; seu filho nasceu bem; você concluiu a faculdade; você foi selecionada; você está admitida; você está apta; tem tratamento; estamos com você, amiga; estou por você, filha”.

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