(FOLHAPRESS) – Com o processo de privatização da Eletrobras em vias de ser concluído, e os ganhos de eficiência que podem vir a reboque com a empresa de energia elétrica deixando de estar sob o controle do Estado, analistas de mercado estimam que os papéis na Bolsa podem se valorizar até 85% nos próximos meses.
Nesta quarta-feira (8), se encerrou o período de reserva para os investidores interessados em participar da oferta de ações da Eletrobras, que deve reduzir a participação do governo de 70% para cerca de 45%. O prazo para investir o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) se encerrou às 12h desta quarta.
Mesmo com a forte alta em torno de 30% das ações da Eletrobras no acumulado do ano, boa parte justamente pela expectativa da privatização, analistas entendem que ainda há espaço para que a valorização prossiga com força.
Sócio e analista da gestora de recursos Perfin, Marcelo Sandri diz que, embora os papéis da companhia de energia com foco em geração e transmissão já tenham apresentado um desempenho destacado, conforme os ganhos de eficiência passem a se materializar, de fato, a tendência é de uma continuidade de valorização dos papéis na Bolsa.
"A Eletrobras hoje é altamente ineficiente, sob a ótica dos custos em relação à capacidade instalada de geração, que é quase o dobro da média das empresas privadas do setor. Com a privatização, a empresa deve ter a oportunidade de reduzir os custos pela metade, ou até mais do que isso", afirma Sandri, que conta ter na empresa uma das principais posições na carteira dos fundos de ações da gestora.
Ele acrescenta que a Perfin pretende participar da oferta da Eletrobras, com a expectativa de que os ganhos de eficiência que passarão a ser observados no dia a dia do negócio abrirão caminho para que as ações prossigam na recente tendência de alta na Bolsa.
Marcos Peixoto, gestor da XP Asset, afirmou em entrevista no final de maio que a Eletrobras também era uma das maiores posições dentro das carteiras dos fundos da gestora. O investimento na empresa foi feito ainda em meados de 2020, quando a eclosão da pandemia fez os preços de diversos ativos despencarem.
Pela posição relevante ocupada, Peixoto contou que a gestora chegou a ser procurada em meados de março para atuar como investidor âncora na operação.
O limite mínimo estipulado para investidores atuarem como âncoras e garantirem uma demanda firme de R$ 1,5 bilhão, contudo, foi considerado muito elevado frente ao volume de recursos sob gestão.
Ele entende que, pelos resultados recentes apresentados pela Eletrobras no primeiro trimestre, as ações deveriam estar cotadas mais próximas da faixa dos R$ 50, mesmo sem a conclusão do processo de privatização.
Havendo a privatização, e com os ganhos de eficiência em potencial se confirmando, as ações poderiam alcançar no médio prazo patamares ao redor de R$ 70, projetou Peixoto.
As ações da Eletrobras operavam em alta de 2,15% nesta quarta-feira, por volta das 13h25, negociadas a R$ 42,68.
A previsão de Peixoto embute, portanto, um potencial de valorização de aproximadamente 64%. "Tem pouco da privatização precificada dentro dos papéis", disse o gestor da XP Asset.
Já os analistas da Eleven Financial Research projetam um preço alvo de R$ 79 para os papéis da Eletrobras em dezembro, com um potencial de valorização estimado em torno de 85%.
"Com controle privado, esperamos que a alocação de capital e a gestão do portfólio sejam direcionadas para a criação de valor", dizem os especialistas da casa de análise de investimentos em relatório.
Eles notam que, em empresas privadas do setor, há uma avaliação mais ativa sobre os seus portfólios, com trocas ou desinvestimentos quando determinado ativo não estiver entregando um bom desempenho.
"Adicionalmente, também vemos oportunidade em melhor alocar o capital em projetos de crescimento."
Com controle privado e como líder de mercado tanto em geração quanto em transmissão de energia, os analistas da Eleven preveem que a Eletrobras possa participar de maneira relevante na expansão do sistema, alavancando a sua expertise técnica e a sua escala.
"Em termos relativos, vemos a Eletrobras negociando com desconto em todos os múltiplos frente à média dos múltiplos de geradoras e transmissoras", assinalam os especialistas da Eleven.