Camila Santos, Daniel Fragoso e Daniele dos Reis contam sua trajetória após passar pela Fundação Bradesco Fundação Bradesco – Movimento LED
Marco Flávio
Imagine ter que percorrer mais de 50 quilômetros por dia para chegar à escola mais próxima, ou viver em um local com pouca infraestrutura básica, tecnológica e de educação. A realidade é que hoje poucos têm acesso a uma educação de qualidade e acessível, principalmente em locais mais afastados do país. O acesso à educação de qualidade, principalmente nos locais de reconhecida vulnerabilidade social, ainda não é uma realidade para todos.
As histórias de Camila Santos, Daniel Fragoso e Daniele dos Reis trazem luz a essas diferentes realidades e o quanto uma educação de qualidade pode mudar uma vida e permitir sonhar, muitas vezes, inclusive, com possibilidades que antes nunca foram vislumbradas. Camila hoje vive no Canadá após passar pelo Banco Bradesco e por uma consultoria estratégica de grande porte no país. Daniel é pesquisador da Embrapa. E Daniela decidiu continuar na Fundação, atualmente como professora. Em comum, todos passaram parte de suas vidas na Fundação Bradesco e tiveram pais que entendiam que educação é o bem mais importante na vida de uma pessoa.
Só a educação transforma
O pai de Daniele dos Reis era caminhoneiro e, consciente de que só a educação transforma, foi ele quem enfrentou filas, debaixo de sol, para superar todas as etapas de seleção e garantir uma vaga para ela na Fundação Bradesco.
“Para alguém que, como eu, era de escola pública, foi um choque grande, pois tudo na Fundação Bradesco era muito diferente. Meus professores me incentivaram muito a ir além, a estudar bastante e sempre me orientaram muito. Eles foram mestres incríveis e isso teve um impacto muito positivo na minha vida”, conta Daniele, que entrou em 1994 na primeira turma da Fundação na unidade de Marília (SP) e hoje é professora na escola.
“Meu pai sempre falava que precisávamos ter conhecimento, que era a única coisa que ninguém nunca poderia tirar da gente. E ele sabia que estudar aqui nos ajudaria. Hoje, não consigo pensar em minha trajetória sem a presença da educação”, completa.
Assim como Daniele, Camila Santos também entrou na Fundação Bradesco ainda criança, e permaneceu até concluir o Ensino Médio na unidade de Osasco (SP), algo comum para os alunos da instituição, que são acompanhados durante toda a jornada de treze ano da Educação Básica. Nesse período, os alunos, além de ensino de qualidade, têm acesso a benefícios que contribuem em sua trilha de aprendizado, como material didático, uniforme escolar, acompanhamento médico-odontológico e apoio socioemocional.
“Minha mãe é manicure, foi mãe solteira e não teve oportunidade de estudar. Ela sempre me disse que, como não teria condições de me deixar nenhuma herança ou bens materiais, queria que eu tivesse uma boa educação”, lembra Camila. “Estar na Fundação Bradesco fez toda a diferença. Por meio da educação consegui conquistar tudo o que tenho. Consegui ingressar no mercado de trabalho e construir toda a minha jornada.”
Camila recorda que ao entrar no Ensino Médio, já queria muito trabalhar e, na época, alguns alunos tiveram a oportunidade de ingressar em um programa de estágio do Banco Bradesco. “Aquela possibilidade era incrível por tudo o que significava, principalmente do ponto de vista de melhoria financeira.”
Apesar de não passar na primeira oportunidade no processo seletivo, Camila conseguiu a tão sonhada vaga tempos depois. “Fiquei cinco anos trabalhando no banco, terminei o colegial e ingressei no curso de Administração da PUC por meio de financiamento estudantil. Durante minha passagem no Banco Bradesco, conheci uma consultoria que era prestadora de serviços na época e lá vislumbrei minha carreira. Consegui fazer um intercâmbio profissional e foi por causa dessa oportunidade que passei a morar no Canadá onde moro até hoje”, conta Camila.
“A Fundação me ajudou a me preparar para as oportunidades que apareceram na minha vida, desde o ingresso no mercado de trabalho e no ensino superior. Claro que houve também uma vontade pessoal de ir atrás, de se dedicar e de tentar até conseguir, mas esses meus valores foram reforçados por tudo o que aprendi na Fundação Bradesco”, afirma.
“Uma coisa que eu vou levar para sempre é que não foi só a minha história que a Fundação Bradesco transformou. Quantos alunos já não passaram por ela nesses quase 70 anos? O trabalho que a Fundação faz é muito bonito e transformador”, diz Camila. Anualmente são mais de 42 mil alunos, nas 40 escolas próprias da Fundação Bradesco, nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal.
Do técnico ao pesquisador
Daniel Fragoso teve sua trajetória na Fundação Bradesco um pouco diferente de Camila e Daniele, mas ainda assim transformada como tantos outros jovens que passaram por lá.
“Sou de origem humilde, minha infância toda foi na Ilha do Bananal, no Tocantins, minha mãe ficou viúva muito cedo e com nove filhos para criar. Consegui minha vaga no Ensino Técnico e pude realizar meu sonho de estudar na Fundação Bradesco”, conta Daniel.
O sonho de Daniel vinha de um histórico de referência da unidade Canuanã da Fundação Bradesco, localizada às margens do Rio Javaés, no Tocantins, que, assim como a escola de Bodoquena, no pantanal do Estado de Mato Grosso do Sul, possui um modelo único no Brasil. As duas são escolas-fazenda que funcionam como internato e são os lares dos alunos durante a maior parte do ano. Além das moradias, alimentação, acompanhamento médico-odontológico e suporte socioemocional, os pequenos moradores dispõem de atividades extracurriculares como natação, aulas de música, dança e esportes.
Além do currículo escolar da Educação Básica, as escolas-fazenda oferecem atividades práticas relacionadas à agricultura sustentável, criação de animais, conservação ambiental e gestão de recursos naturais, formando alguns dos profissionais mais qualificados do país em agropecuária.
“Os alunos entravam nas séries iniciais do ensino fundamental e saiam com o certificado profissional de técnico em agropecuária, e na maioria dos casos já com propostas de trabalho. Entres os ex-alunos hoje temos cientistas, professores universitários, juízes, empresários e outros excelentes profissionais. Todos beneficiados pela visão de um homem que acreditava na educação como um instrumento de transformação de pessoas.”
Daniel se refere à Amador Aguiar, fundador da Fundação Bradesco, que se comprometeu em contribuir positivamente para o desenvolvimento da sociedade brasileira proporcionando o que lhe faltou durante a infância: o acesso a uma educação de qualidade. Aguiar estudou até o antigo quarto ano no ensino primário, quando precisou interromper os estudos e trabalhar para ajudar sua família.
“Tudo nessa experiência e vivência na escola foi marcante na minha vida, e certamente, na vida dos outros alunos que estudaram em Canuanã. A qualidade da formação é notável principalmente por causa da oferta de trabalho para quem se forma lá. Eu terminei o curso e tive que escolher logo de cara entre duas ofertas de trabalho”, conta.
Depois da Fundação Bradesco, Daniel decidiu ingressar no ensino superior. Desde então, não parou de estudar e transformar sua realidade. Fez mestrado, doutorado e ainda teve oportunidade de ser pesquisador na Universidade do Tocantins e de ser Cientista Visitante na Kansas State University. Hoje é pesquisador da Embrapa, casado, com dois filhos e um incentivador da educação. “Como pai, valorizo e procuro proporcionar uma educação de qualidade, um dos bens mais valiosos que posso deixar de legado a eles”, finaliza