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EDUCAÇÃO G1

Enem: confira os assuntos que mais caem na prova do segundo dia, com Matemática e Ciências da Natureza

Mais de 4,3 milhões de candidatos já fizeram a primeira parte do exame; neste domingo os participantes voltam aos pontos de aplicação para a segunda etapa. Enem 2024 – Domingo (3) – Campinas (SP) – Candidatos e pais precisam se proteger da chuva na Unip após o fim do exame
Pedro Amatuzzi/g1
A segunda prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será aplicada neste domingo (10) em todo o Brasil. Desta vez, os estudantes terão de responder 45 questões de múltipla escolha de Matemática e suas Tecnologias e outras 45 de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (conteúdos de física, química e biologia).
Gabarito Enem 2024: confira as respostas extraoficiais das questões do 1º dia de prova
'Cola' no Enem: candidatos postam que levaram modelos de redação escondidos para a prova
Na primeira etapa do exame, aplicada no último domingo (3), mais de 4,3 milhões de candidatos responderam questões sobre Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias, que compr..

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Mais de 4,3 milhões de candidatos já fizeram a primeira parte do exame; neste domingo os participantes voltam aos pontos de aplicação para a segunda etapa. Enem 2024 – Domingo (3) – Campinas (SP) – Candidatos e pais precisam se proteger da chuva na Unip após o fim do exame
Pedro Amatuzzi/g1
A segunda prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será aplicada neste domingo (10) em todo o Brasil. Desta vez, os estudantes terão de responder 45 questões de múltipla escolha de Matemática e suas Tecnologias e outras 45 de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (conteúdos de física, química e biologia).
Gabarito Enem 2024: confira as respostas extraoficiais das questões do 1º dia de prova
'Cola' no Enem: candidatos postam que levaram modelos de redação escondidos para a prova
Na primeira etapa do exame, aplicada no último domingo (3), mais de 4,3 milhões de candidatos responderam questões sobre Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias, que compreende História, Geografia, Filosofia e Sociologia; mais a redação, cujo tema foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.
Embora a prova deste domingo seja de exatas, área que exige cálculos, é fundamental que os estudantes dominem conceitos dos fenômenos para chegar às respostas, de acordo com André Rebelo, coordenador do Ensino Médio do Colégio Vital Brasil.
“Cada dia de provas tem desafios e complexidade diferentes. No primeiro, a presença de textos é grande, exige muita leitura e o aluno ainda precisa escrever a redação. Já no segundo, há os cálculos, mas também requer interpretação de texto para os problemas e é necessário compreender os fenômenos e ter habilidade para relacionar os conceitos”, afirma Rebelo.
Mas quais são os temas mais recorrentes em cada uma das áreas do conhecimento?
🧮Matemática
Do total de 90 questões desta prova, 45 são de Matemática. Rebelo afirma, com base nas edições dos anos anteriores, que cerca 35% do exame deve ser composto por perguntas sobre Matemática Básica, com problemas de aritmética que envolvem regra de três, razão e proporção, e porcentagem.
Estatística descritiva que vai testar a capacidade de os candidatos analisarem gráficos e tabelas também tem incidência no Enem, como lembra Lázaro Divino Assunção, professor de Matemática do Colégio Magno.
Geometria plana e espacial, com conceitos de triângulos, quadriláteros e circunferências, fórmulas de volume e área para prismas, cilindros, cones, pirâmides e esferas costumam ser cobradas na prova.
Os outros temas recorrentes, de acordo com os educadores, são:
álgebra, com equações de primeiro e segundo grau,
e funções; probabilidade e estatística; e análise combinatória.
Além do domínio dos conteúdos, não dá para o candidato fugir da interpretação de texto, pois a prova de Matemática do Enem costuma trazer problemas com enunciados longos que exigem atenção. “Muitas vezes, a dificuldade não está no cálculo. Leia com calma, sublinhe informações importantes e entenda o que a questão realmente pede antes de resolver”, aconselha Jéssica Rama, professora e gestora da área de matemática do Colégio pH.
🌲Biologia
Assuntos ligados às questões ambientais são muito recorrentes na prova de Biologia do Enem. “Encontramos muitos temas ligados aos biomas brasileiros, também coisas relacionadas às agressões impostas pelos seres humanos ao meio ambiente e à utilização de recursos como plástico, uso da água, destinação do lixo. A prova tem uma cara de Biologia de atualidades”, explica Sérgio Cerione, professor de Biologia do Colégio Magno.
Além de ecologia, assunto muito explorado pelo exame, a expectativa é que ele também cobre conhecimentos na área de botânica; bioenergia e fisiologia; citologia, evolução e zoologia, de forma relacionada ao mundo real, contextualizando com tratamento de doenças e descobertas na área da saúde.
“As questões da prova de Ciências da Natureza muitas vezes não envolvem memorização simples de conteúdo. O aluno precisa ser capaz de interpretar gráficos, tabelas, figuras e situações-problema”, explica Joana Cabral, gestora da área de Ciências da Natureza do Colégio pH.
👨‍🔬Física
Tanto em Física como em Química, os conteúdos aparecem mais pulverizados, de acordo com os docentes. Porém, eles consideram que assuntos como:
eletrodinâmica e calorimetria;
termologia;
ondulatória;
cinemática e
óptica terão presença certa neste ano, assim como nas edições anteriores.
“Destacaria assuntos como montagem de circuitos elétricos, correntes, questões que envolvem potência elétrica e consumo de energia e lâmpadas. Em eletromagnetismo, ímãs, força magnética, campo magnético tanto de imãs quanto de fios caíram nas últimas provas”, comenta Wiliam Ramos Mamedio, professor de Física do Colégio Magno.
Em calorimetria, os temas mais comuns no Enem envolvem calor sensível e latente, mudança de estado físico, potência e capacidade térmica, e lei geral dos gases. “Na parte de ondulatória, características das ondas tanto da luz quanto do som e interferência das ondas apareceram nas últimas provas. Em óptica, espelhos e lentes esféricas, os fenômenos da refração e miragens são temas frequentes dos últimos anos”, complementa Mamedio.
⚗️Química
Neste campo, conteúdos que não deixaram de ser cobrados no Enem foram: estequiometria; separação de mistura; moléculas e propriedades; funções orgânicas e reações.
“Em geral, as questões sobre separação de misturas, química ambiental e funções orgânicas são as mais consideradas fáceis e médias e, portanto, é importante que os alunos valorizem esses temas na revisão”, diz Joana.
Consulte as edições anteriores
Os inscritos que faltaram ao primeiro dia de provas não estão impedidos de participar do Enem neste domingo. Se a ausência ocorrer por conta de problemas logísticos ou se o candidato for acometido por alguma doença contagiosa antes do exame, é possível solicitar a reaplicação ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Caso contrário, ao fazer somente um dos dias de provas, o estudante não conseguirá alcançar a pontuação necessária para participar de iniciativas que utilizem o desempenho no exame como critério de seleção, entre elas o Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que distribui vagas em instituições públicas de ensino superior, e o Prouni, que concede bolsas de estudo na rede particular.
Para os candidatos que farão o Enem neste domingo, Rebelo destaca que o nível de dificuldade da prova depende das afinidades de cada aluno. O educador espera uma “prova sem surpresas”, assim como foi a primeira, na sua opinião, mas ressalta a importância de o estudante controlar a ansiedade e nervosismo.
“O aluno que fez uma boa prova no primeiro dia vai estar mais tranquilo e confiante agora. Mas se não foi bem, se não atingiu as expectativas, talvez tenha de trabalhar o emocional para chegar mais seguro. Tudo é possível”, diz.
Para isso, a dica é recuperar os exames anteriores disponíveis no site do Inep e resolver os exercícios como teste, o que colabora inclusive para entender como o estudante precisa administrar o tempo na hora da prova.
Resultados só no ano que vem
As provas deste domingo serão aplicadas nos mesmos endereços da semana passada em 1.753 cidades brasileiras. A diferença desta vez é que os candidatos terão 30 minutos a menos, a aplicação ocorre das 13h30 às 18h30. Os portões abrem às 12h e fecham às 13h. Para entrar nos locais do exame, os candidatos precisam apresentar um documento de identificação, as versões digitais de CNH ou RG são aceitas.
Os cartões de respostas devem ser preenchidos com caneta esferográfica preta fabricada em material transparente. Não é permitido o uso de qualquer dispositivo eletrônico, como celulares, tablets, pulseiras e relógios inteligentes. No último domingo, cerca de 5 mil candidatos foram eliminados por estarem com equipamentos eletrônicos, saírem antes do horário permitido ou não respeitarem as orientações dos fiscais, segundo o Inep.
O gabarito oficial e os cadernos de questões serão divulgados pelo Ministério da Educação no dia 20 de novembro. Já os resultados individuais dos alunos saem somente no dia 13 de janeiro de 2025.

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Sisu 2025: inscrições começam 17 de janeiro; veja cronograma

Assim como em 2024, as inscrições do Sisu só serão abertas em janeiro. Programa usa as notas do Enem para aprovar candidatos em universidades públicas. As notas do Enem são utilizadas no processo seletivo do Sisu.
Mateus Santos/g1
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025 estarão abertas entre 17 de janeiro e 21 de janeiro, conforme edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira (26). O resultado da chamada regular será divulgado no dia 26 de janeiro.
Assim como em 2024, o programa terá apenas uma edição — só em janeiro, sem o processo seletivo que usualmente acontecia nos meses de junho ou julho.
Por meio dessa etapa única, os candidatos poderão usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 para concorrer, em universidades públicas, a cursos cujas aulas começarão tanto no primeiro quanto no segundo semestre (entenda mais abaixo).
Tire suas dúvidas abaixo e veja o cronograma completo:
➡️Quem está apto a participar? Alunos que tenham ..

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Assim como em 2024, as inscrições do Sisu só serão abertas em janeiro. Programa usa as notas do Enem para aprovar candidatos em universidades públicas. As notas do Enem são utilizadas no processo seletivo do Sisu.
Mateus Santos/g1
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025 estarão abertas entre 17 de janeiro e 21 de janeiro, conforme edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira (26). O resultado da chamada regular será divulgado no dia 26 de janeiro.
Assim como em 2024, o programa terá apenas uma edição — só em janeiro, sem o processo seletivo que usualmente acontecia nos meses de junho ou julho.
Por meio dessa etapa única, os candidatos poderão usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 para concorrer, em universidades públicas, a cursos cujas aulas começarão tanto no primeiro quanto no segundo semestre (entenda mais abaixo).
Tire suas dúvidas abaixo e veja o cronograma completo:
➡️Quem está apto a participar? Alunos que tenham feito o Enem 2024 e tirado nota acima de zero na redação. Treineiros não serão aceitos.
➡️Poderei escolher em qual semestre vou entrar na faculdade? Não. Caberá à universidade, por meio da ordem da lista de classificação de candidatos, selecionar quem estudará em cada semestre. A classificação é determinada pelo desempenho de cada participante no Enem 2024.
➡️O programa possui cotas? Sim, e funciona da seguinte maneira:
Todos os candidatos concorrerão, primeiramente, às vagas de ampla concorrência.
Caso não alcancem as notas nesta modalidade e façam parte de algum dos grupos de cotas (os critérios são de raça e de renda), aí, sim, entrarão na disputa pelo benefício.
Com isso, se uma pessoa autodeclarada preta, por exemplo, tirar uma nota mais alta que a exigida na ampla concorrência, será aprovada na "lista geral" e não tirará a vaga de um cotista com desempenho mais baixo.
➡️Qual o cronograma?
Inscrições: 17 a 21 de janeiro
Resultados da 1° chamada: 26 de janeiro
Matrículas: 27 a 31 de janeiro
Manifestação de interesse na lista de espera: 26 a 31 de janeiro
5 cuidados para tomar ao se inscrever no Sisu

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Bombou no g1: questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova; relembre

Aparente falta de dados em um enunciado de matemática assustou participantes da prova. Bastava, no entanto, que os números fossem substituídos por incógnitas (como 'a', 'b' e 'c'). Questão de matemática do Enem 2024 viraliza nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Histórias curiosas, personagens divertidos e casos virais. Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2024. Hoje é dia de relembrar sobre a questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova.
Essa reportagem foi originalmente publicada em novembro.
Relembre
“Isso é conteúdo de faculdade!”, “Como você quer que eu saiba?” e “Cadê o resto [da questão]?”. Essas foram algumas das manifestações de revolta de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, no último domingo (10), diante de uma pergunta de matemática (⚪147 da prova cinza, 🟢155 da verde, 🔵137 da azul e 🟡164 da amarela).
Ela pedia qu..

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Aparente falta de dados em um enunciado de matemática assustou participantes da prova. Bastava, no entanto, que os números fossem substituídos por incógnitas (como 'a', 'b' e 'c'). Questão de matemática do Enem 2024 viraliza nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Histórias curiosas, personagens divertidos e casos virais. Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2024. Hoje é dia de relembrar sobre a questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova.
Essa reportagem foi originalmente publicada em novembro.
Relembre
"Isso é conteúdo de faculdade!", "Como você quer que eu saiba?" e "Cadê o resto [da questão]?". Essas foram algumas das manifestações de revolta de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, no último domingo (10), diante de uma pergunta de matemática (⚪147 da prova cinza, 🟢155 da verde, 🔵137 da azul e 🟡164 da amarela).
Ela pedia que os estudantes calculassem a média no boletim de uma pessoa, sem que nenhuma nota fosse divulgada no enunciado. A única informação disponível era a seguinte: quando o "personagem" fez a conta, dividiu o total por 5, e não por 4. E, com isso, chegou a um resultado que era uma unidade menor do que o correto.
Segundo professores de quatro cursinhos ouvidos pelo g1 (Anglo, pH, Poliedro e Professor Ferretto), essa questão não estava entre as 10 mais difíceis da prova. O que provavelmente desestabilizou os candidatos foi a aparente (e ilusória) falta de dados.
Abaixo, veja a resolução feita por Rodrigo Serra, professor de matemática do Colégio Oficina do Estudante:
Questão sobre média de notas viraliza nas redes: 'cadê o resto da pergunta?'
🖊️ Resposta: B.

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A radical teoria pós-quântica, que tenta responder o que Einstein não conseguiu

A Física moderna é baseada em dois pilares: a física quântica e a teoria da relatividade geral. O problema é que ambos são incompatíveis. 'A última palavra ainda não foi dita', disse Einstein sobre uma das maiores questões da Física moderna
Getty Images/via BBC
“Uma nova moda surgiu na Física”, queixou-se Albert Einstein no início da década de 1930.
Essa “moda” era nada menos que a física ou a mecânica quântica. A sua mera existência colocou em perigo a teoria da relatividade geral, a maior criação de Einstein, publicada em 1915.
“Se isso tudo for verdade, então significa o fim da Física”, chegou a dizer o famoso cientista.
O ponto aqui é que a física quântica e a relatividade geral são incompatíveis.
Quase 100 anos se passaram e nenhuma das duas teorias cancelou a outra. Na verdade, ambas formam os pilares de todos os avanços da Física moderna.
💡A física quântica provou repetidamente ser a melhor explicação do comportamento das menores partículas do universo, como elétrons,..

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A Física moderna é baseada em dois pilares: a física quântica e a teoria da relatividade geral. O problema é que ambos são incompatíveis. 'A última palavra ainda não foi dita', disse Einstein sobre uma das maiores questões da Física moderna
Getty Images/via BBC
"Uma nova moda surgiu na Física", queixou-se Albert Einstein no início da década de 1930.
Essa "moda" era nada menos que a física ou a mecânica quântica. A sua mera existência colocou em perigo a teoria da relatividade geral, a maior criação de Einstein, publicada em 1915.
"Se isso tudo for verdade, então significa o fim da Física", chegou a dizer o famoso cientista.
O ponto aqui é que a física quântica e a relatividade geral são incompatíveis.
Quase 100 anos se passaram e nenhuma das duas teorias cancelou a outra. Na verdade, ambas formam os pilares de todos os avanços da Física moderna.
💡A física quântica provou repetidamente ser a melhor explicação do comportamento das menores partículas do universo, como elétrons, glúons e quarks que constituem os átomos.
💡Por sua vez, a relatividade geral, que é a moderna teoria da gravidade, provou ser a melhor descrição de tudo o que acontece em grande escala, desde o funcionamento do Sistema Solar e dos buracos negros até a origem do universo.
No entanto, elas permanecem contraditórias entre si. Ou seja, as regras da relatividade geral funcionam perfeitamente para as galáxias, bem como para tudo o que nos rodeia e é visível: uma árvore, um gato, uma pérola…
Porém, assim que analisamos o comportamento de algo tão pequeno como um átomo, tudo muda.
Os pesquisadores não conseguem nem usar a mesma Matemática para explicar uma teoria e outra.
De alguma forma, a natureza consegue fazer com que os dois sistemas coexistam — mas a Ciência ainda não fez o mesmo.
Para muitos, esta incompatibilidade é a maior questão sem resposta da Física.
Einstein e milhares de outros pesquisadores em todo o mundo procuraram criar uma teoria que unisse a física quântica e a relatividade geral.
É o que muitos chamam de "teoria de tudo", um nome tão atraente que virou título do premiado filme biográfico de Stephen Hawking, um dos renomados cientistas que tentaram — também sem sucesso — encontrar o "Santo Graal" da Física.
Agora, uma nova teoria propõe uma virada radical nesta charada secular.
Seu nome, porém, é menos mercadológico: ela é chamada de teoria pós-quântica da gravidade clássica e é liderada pelo físico Jonathan Oppenheim, do Instituto de Ciência e Tecnologia Quântica da Universidade College London (UCL), no Reino Unido.
Trata-se de algo tão revolucionário que mesmo alguns dos seus detratores reconhecem que essa é a primeira abordagem verdadeiramente original a surgir em pelo menos uma década.
Há mais de 100 anos vivemos num universo cujas bases foram estudadas e definidas por Einstein
Getty Images/via BBC
A quarta força fundamental
Embora possa parecer contraditório, um dos aspectos mais inovadores da teoria de Oppenheim é o termo "clássico" em seu nome.
Até agora, a abordagem predominante para resolver a incompatibilidade entre a física quântica e a relatividade geral envolve modificar o último sistema para ajustá-lo ao primeiro.
É o que os físicos chamam de "quantização", porque no final ela se converte numa teoria quântica.
"Quantizar" a relatividade geral faz ainda mais sentido se pensarmos que é algo que os cientistas já conseguiram fazer com as outras três forças fundamentais que governam o universo: a força nuclear fraca, a força nuclear forte e a força eletromagnética.
Mas eles simplesmente não conseguiram fazer o mesmo com a gravidade — e não foi por falta de tentativa.
"É um problema matemático muito difícil", contextualiza Oppenheim à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Mas também é conceitualmente complicado, porque essas duas teorias têm diferenças tão fundamentais que é muito difícil conciliá-las."
Ele explica: "Quase todas as tentativas assumiram que devemos 'quantizar' a gravidade. A minha sensação sobre a razão pela qual essa tarefa tem sido tão difícil é que talvez não seja possível e que apontamos para a coisa errada."
Por isso, o pesquisador e a equipe dele decidiram mudar o foco e "modificar um pouco, ou muito, a teoria quântica, para que esses dois sistemas possam se encaixar".
Na nova teoria, publicada em dezembro de 2023 nas revistas Nature Communications e Physical Review X, a relatividade geral continua a ser uma teoria não quântica, ou clássica.
A física Sabine Hossenfelder, do Centro de Filosofia Matemática de Munique, na Alemanha, que não fez parte da pesquisa da UCL, diz à BBC News Mundo que a ideia de Oppenheim "é muito legal".
"É muito raro neste campo ver nascer uma nova ideia", observa a especialista.
Hossenfelder fez parte de um comitê que revisou a teoria há seis anos e, embora a achasse interessante, considerou que ela era "muito especulativa, imatura e vaga".
"Tinha tantas pontas soltas que parecia que poderia falhar completamente, por isso fiquei muito impressionada quando vi o que saiu vários anos depois, porque abordava quase todos esses pontos levantados", diz ela, que esclarece com um sorriso "sempre ter algo a comentar e a observar".
Dois conceitos básicos e um 'inaceitável'
O tecido (quadriculado branco na ilustração), que representa o espaço-tempo, deformado por uma bola (em amarelo), que faz alusão a uma estrela como o Sol
BBC
Uma bola de menor massa (em verde) acompanha a curvatura do tecido quadriculado causada pela maior (em amarelo), como acontece com a Terra em relação ao Sol
BBC
Antes de seguir a explicação sobre a teoria de Oppenheim, é importante compreender o conceito básico da relatividade geral e uma das características da física quântica que mais perturbou Einstein.
O que Einstein fez para revolucionar a Ciência em 1915 foi definir a gravidade como "uma deformação do espaço-tempo".
A maneira mais fácil de compreender esse conceito é pensar em um trampolim onde colocamos uma bola pesada — por exemplo, uma bola de bilhar.
Quando uma coisa dessas acontece, o tecido afunda no local onde a bola está.
Agora, imagine jogar nesse mesmo trampolim uma bola mais leve (uma bola de gude), e tentar fazê-la girar na borda da curvatura do tecido relacionada ao peso da bola mais pesada.
O que acontece é que a bola de gude vai se mover em círculos cada vez menores, aproximando-se da bola de bilhar.
Segundo a teoria da relatividade geral, isso não acontece porque a bola de bilhar exerce sobre a bola de gude uma força de atração invisível, mas porque o formato do tecido — ou melhor, a sua deformação — a obriga a fazer essa curvatura.
Na teoria de Einstein, o espaço-tempo faz a mesma coisa de forma quadridimensional — de modo que a Terra gire em torno do Sol, por exemplo.
Oppenheim explica que, na teoria pós-quântica da gravidade clássica "o espaço-tempo se mantém como aquele tecido em que vivem as partículas quânticas, tal como Einstein concebeu".
O que muda é que o espaço-tempo incorpora o acaso da física quântica, característica que deu origem a uma das frases mais famosas de Einstein: "Deus não joga dados."
Einstein acreditava que faltava informação na "moda" da física quântica, mas o que décadas de estudos têm mostrado é que a aleatoriedade não se deve a um erro na teoria ou a uma falha nas medições, mas a uma característica inerente ao comportamento das partículas fundamentais.
Oppenheim e sua equipe unem a física quântica e a relatividade geral, tornando o espaço-tempo também inerentemente aleatório.
"Ainda temos essa aleatoriedade na teoria quântica, mas ela é mediada pelo próprio espaço-tempo", explica o físico.
Em outras palavras, o próprio tecido começa a apresentar oscilações aleatórias.
Isto é algo "inaceitável" para muitos dos seus colegas — e é provável que Einstein também pensasse o mesmo.
"A estrutura aleatória do espaço-tempo é o que, em certo sentido, lança os dados na teoria quântica", compara Oppenheim, parafraseando Einstein.
'Ganha-ganha'
"Cada vez que você propõe uma nova teoria, é preciso fazer uma série de verificações para ver se ela é consistente com as observações", explica Oppenheim.
"E é emocionante que esta teoria faz previsões que podem ser testadas experimentalmente."
"Ao levar em conta que esta teoria exige que o espaço-tempo tenha flutuações, podemos busca-las", acrescenta ele.
Para isso, os pesquisadores propõem medir o peso de uma massa com extrema precisão e verificar se ela é constante ou se apresenta certas oscilações.
Por exemplo, o Escritório Internacional de Pesos e Medidas, localizado na França, pesa rotineiramente um objeto que foi usado para criar o padrão mundial do que é hoje considerado exatamente um quilo.
Ao utilizar novas tecnologias de medição quântica, de acordo com a teoria pós-quântica da gravidade clássica, o peso do referido objeto deixaria de ser um quilo e se tornaria imprevisível.
"Se encontrarmos as flutuações, provaremos que a teoria é verdadeira e, se não as encontrarmos, conseguiremos refutá-la", diz Oppenheim.
"Isso é particularmente emocionante", confessa ele.
Mas há ainda mais coisas a descobrir.
Oppenheim entende que a nova teoria poderia responder a outra das grandes incógnitas da Física moderna: o que são a matéria escura e a energia escura.
Para entender a importância disso, é primeiro antes saber o que esses conceitos são (e não são).
Todos os planetas, estrelas e objetos cósmicos visíveis são feitos da chamada matéria normal. Juntos, eles representam cerca de 5% do universo.
Os 95% restantes ainda são um mistério — e por isso são chamados de matéria escura e energia escura.
Se nos estudos para verificar a nova teoria, as flutuações forem suficientemente intensas, elas "seriam candidatas muito fortes para o que pensamos ser matéria escura e energia escura", segundo Oppenheim.
"Isso explicaria 95% da evolução do Universo, o que representaria um grande impacto", complementa o pesquisador.
Por sua vez, Hossenfelder destaca que a equipe da UCL desenvolveu uma Matemática completamente nova para esta teoria e afirma que a mera existência desses trabalhos pode ser útil para outros fins.
Em suma, a história da Ciência está repleta de pesquisas que tiveram aplicações inesperadas.
O próprio Einstein, aliás, acendeu a centelha que levou à física quântica — a qual ele renunciou até o fim da vida.
"Se houvesse algo que pudesse confirmar que estas previsões são verdadeiras, isso seria muito interessante e certamente atrairia diversas pessoas para observá-las mais de perto", considera Hossenfelder.
Mas a teoria só foi publicada há um ano — e derrubar décadas de consenso científico baseados nos estudos encabeçados por Einstein não será fácil.
Hossenfelder é cética sobre a nova teoria — algo que, na opinião dela, a coloca numa posição de "ganha-ganha".
A cientista ganha se estiver certa no ceticismo dela. Mas também ganha se estiver errada, porque isso significaria que ela — e todos nós — testemunhamos em vida o nascimento de uma nova revolução da Física.
*Com reportagem de Max Seitz.
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