Madelon, Joelma e Maria falaram sobre como é dedicar a vida em função de cuidar de filhos com limitações na saúde, mas ressaltam como o amor sempre supera todas as barreiras. Madelon, Joelma e Maria são exemplos de mães fortes e inspiradoras
Montagem/g1 Maranhão
No Dia das Mães, o g1 Maranhão preparou reportagens especiais sobre a data com exemplos de mulheres que inspiram.
Dentre esse grupo de mãe estão aquelas que cuidam de filhos com alguma limitação de saúde, o que torna a maternidade ainda mais nobre do que já é.
Maria das Dores – Mãe da isadora
No Maranhão, há casos de mulheres que usam todos os artifícios que podem para garantir uma vida digna aos filhos. Esse é o caso da Maria das Dores, mãe da Isadora Alves, que nasceu com cardiopatia congênita (hipoplasia do coração esquerdo) e depende de três cirurgias ao longo da infância para conseguir ter um futuro.
Maria das dores e a filha, Isadora Alves
Arquivo pessoal
Desde o nascimento da filha, Maria luta na Justiça para que ela tenha o tratamento que precisa para sobreviver, já que nem sempre o poder público garante um leito de UTI ou mesmo as cirurgias, que são caras.
Em setembro de 2020, após uma série de cobranças e uma decisão da Justiça, Maria conseguiu a primeira cirurgia de emergência para a filha. O mesmo aconteceu em meados de 2021, quando novamente a mãe precisou recorrer à Justiça para obrigar o governo estadual a garantir o procedimento, que é vital para a sobrevivência de Isadora.
Isadora Alves com 9 meses de idade
Arquivo Pessoal
Maria mora no Coroadinho, em São Luís, e também é mãe de outros três filhos. Todos dependem da renda do marido dela, que faz bicos pra ajudar na despesas da casa e os tratamentos de Isadora.
Ainda assim, apesar das dificuldades, Maria venceu as batalhas para garantir a saúde da filha e agora se prepara para conseguir a terceira e última cirurgia de Isadora, que deve acontecer em 2023. É uma luta que vale a pena travar, segundo a mãe.
"Isadora é contagiante, quando olho pra ela vejo que muitos de nós reclamam de tudo. Já ela tem apenas um átrio e nos passa uma alegria que vem de dentro de sua alma. Quando ela acorda, olha nos nossos olhos e nos mostra o quanto é bom viver", conta Maria.
Isadora Alves ainda precisa de uma terceira cirurgia, mas tem crescido feliz
Arquivo pessoal
Joelma Rodrigues Silva – Mãe do Davi
Outra mulher batalhadora tem sido a Joelma Rodrigues Silva, mãe do Davi Silva, de nove anos, que possui hidrocefalia e myelomeningocele, doenças que afetam a mobilidade, a fala e outras funções do corpo humano.
Davi é o mais novo de quatro filhos de Joelma, que atualmente vive de um benefício do governo e da renda de encanador proveniente do marido, em Codó.
Joelma é mãe do Davi, que tem hidrocefalia e está internado em São Luís
Arquivo pessoal
Há vários anos, a rotina gira em torno da recuperação do Davi e, desde outubro de 2021, têm sido comuns as viagens de Codó até São Luís, onde o filho está internado no Hospital Juvêncio Matos.
"Eu venho em casa só uma vez por mês e a gente gasta muito com produtos de limpeza e passagens pra ir e vir. O que ganhamos é pouco, mas vamos passando", diz Joelma.
Davi é uma criança especial e feliz, mas possui algumas limitações na saúde
Arquivo pessoal
Segundo a mãe, a vida de seu filho caçula tem sido fruto de milagres. Desde quando foi internado, os médicos disseram que ele só iria vegetar e falecer, mas ele tem se recuperado progressivamente.
"Desde o dia 15 de outubro que estou com ele em São Luís. Ele já teve parada respiratória, entubaram ele, e vivia com crises convulsivas. (…) Foram dois meses em coma e os médicos diziam que ele não tinha como acordar e iria morrer. Mas ele acordou e mexe os olhos. Pra quem dizia que ele não iria acordar, ele acordou"
Davi sempre foi uma criança alegre e é um exemplo de amor à vida, segundo a mãe
Arquivo pessoal
A força de vontade de viver também serve de inspiração para ela, que vê no Davi uma força a mais para cuidar da família. Segundo Joelma, é um amor cuidar do filho, mesmo com as limitações e dificuldades que a vida está impondo.
"Minha vida sempre foi em função do Davi. Ficar em casa sem ele é um vazio, um buraco. São sete meses com ele assim e não é fácil. (…) Ele sempre amou a vida e amava viver, e não é à toa que está lutando pela vida. Meu filho sempre me fortaleceu e é um exemplo para as pessoas que tem dois olhos, dois braços, e não querem viver ou não querem trabalhar. E tudo o que os médicos têm falado que ele não faria, ele fez até agora. É o amor da minha vida", relata a mãe.
Madelon Araújo – Mãe do Daniel
Madelon é mãe do Daniel, que é uma criança especial
Arquivo pessoal
Madelon já era feliz com três filhos, em São Luís , quando se deparou com uma situação que mudou completamente sua vida. Ela conheceu uma mãe, que daria a luz a um bebê, mas não teria condições de criar. A situação fez Madelon sentir que era uma criança enviada por Deus a ela com algum propósito.
"Meu filho menor já tinha 18 anos e eu estava em uma fase de começar a colher os frutos dos filhos criados, e almejando um descanso. Mas na hora não pensei muito e levei a criança pra minha casa, sem saber o que ele tinha"
Madelon também é mãe do José Wilson; 34 anos; do Cayo César, de 28 anos; e da Khamyla Araujo, de 29 anos
Arquivo pessoal
Segundo a mãe, somente com passar do tempo é que foi ficando claro que a criança teria algumas limitações. Primeiramente, Daniel foi diagnosticado com alteração no cromossomo 8, alergia generalizada e outras duas síndromes desconhecidas.
Posteriormente, foi descoberto que ele tem autismo e hiperatividade. Outros exames ainda comprovaram que Daniel tem um nódulo dentro da glândula hipófise. Cada nova doença que se apresenta dificulta ainda mais a vida da família.
"Estamos em um momento de investigação para saber o que fazer. Meu filho tem 10 anos e nesses 10 anos, se tive dois dias dormindo a noite inteira, foi muito. É uma situação bem complicada porque também não temos ajuda. Hoje eu praticamente não vivo a minha vida. Muitos me convidam para sair, pra curtir, mas depois que ele chegou eu não posso mais fazer isso porque nem todo mundo pode ficar com ele", relata Madelon.
Foto dos filhos com a mãe de Madelon, Edleuza Araujo
Arquivo pessoal
Atualmente, Madelon é gestora comercial e segue se dedicando quase exclusivamente ao filho Daniel, apesar dos outros três filhos e uma netinha, a Maria Cecília. Entretanto, apesar da criação desse filho parecer um fardo pesado e injusto, para ela a chegada dessa criança, há 10 anos, representou uma bênção.
"Eu faria tudo de novo. Eu amo ser mãe, amo meus filhos. Essa entrega, esse envolvimento junto a ele, eu só posso concluir que é um propósito de Deus porque eu já era para estar voando, mas não me arrependo de nada do que fiz"
"A Madelon antes dele era uma mãe realizada porque eu tinha três filhos que já me deixavam feliz. Mas depois que o Daniel chegou, veio a Madelon mãe e os desafios, que a cada dia ele me ensina a passar por eles. Hoje eu me sinto com muito mais força, mais completa, e grata a Deus por ter sido escolhida por Ele para ter essa criança comigo", finaliza.