Um diagnóstico de superdotação pode provocar muitas mudanças na rotina das famílias. É o que mostra o Profissão Repórter desta terça-feira (25). Mãe e 3 filhos com superdotação relatam desafios do dia a dia: 'a gente se percebe diferente'
Um diagnóstico de superdotação pode provocar muitas mudanças na rotina das famílias. É o que o Profissão Repórter desta terça-feira (25) mostrou ao acompanhar a história da advogada Adelita Andressa Carvalho e seus três filhos. Os quatro foram diagnosticados como superdotados.
"Demorou muito para a gente entender as características e, muito embora, a gente já tivesse isso muito internalizado, porque a gente se percebe diferente, mas a gente também vem de um mito que existe na sociedade que diz que o superdotado é 'perfeito', que ele é bom em tudo que faz, tudo faz com mastria", diz Adelita.
Mãe e três filhos são superdotados
Reprodução/TV Globo
Dificuldades para se adaptar à escola
Uma das filhas de Adelita, Heloisa, de 9 anos, está no quarto ano do ensino fundamental e enfrenta dificuldades para se adaptar à escola.
"No dia em que eu voltei para a escola, comecei a passar mal um pouquinho, eu me senti muita ansiedade e bastante tremedeira nas pernas", conta a menina.
Há um ano, Heloisa deixou de frequentar a escola por orientação de um psiquiatra. Por conta disso, os professores enviam todo conteúdo passado para os outros alunos em sala de aula, de forma adaptada, para ela estudar em casa. Uma vez por semana, ela vai à secretária de educação entregar as lições.
"Ela vai acompanhando o cronograma escolar da mesma forma, mas em casa. Para chegar a esse ponto, eu tive que lutar, conversar, capacitar a equipe, eu trouxe capacitação profissional", explica a mãe.
A neuropsicopedagoga clínica Olzeni Ribeiro destaca como a falta de suporte adequado pode prejudicar a saúde mental desses alunos.
"O que os pais precisam escolher: ou a saúde mental do filho e física ou diploma escolar, porque a sobrecarga vai se tornando tanta de tal modo que eles começam a adoecer de verdade", alerta a neuropsicopedagoga.
Heloisa, de 9 anos, está no quarto ano do ensino fundamental
Reprodução/TV Globo
Superdotados: quando a genialidade se torna um desafio para as famílias?
'Aos 13 anos, eu não conseguia mais sair na rua'
'Aos 13 anos, eu não conseguia mais sair na rua': os desafios da superdotação
Matheus Carvalho, irmão mais velho de Heloisa, tem 22 anos e cursa engenharia mecânica. Ele encontrou na tecnologia uma paixão e hoje cria modelos com impressora 3D. Mas o caminho até aqui não foi fácil.
"Aos 13 anos, eu não conseguia mais sair na rua, eu comecei a ter crises de pânico muito fortes na sala de aula", lembra.
Matheus foi diagnosticado com depressão profunda e passou por diversos especialistas, que levantaram hipóteses de diferentes transtornos.
"Eu tive diagnóstico fechado para TDAH, a TEA teve uma consideração para ser e fecharam TDO, também tentaram fechar bipolaridade e TOC, transtorno compulsivo obsessivo", relata.
Segundo especialistas, a superdotação pode ser confundida com outros transtornos, dificultando o diagnóstico correto.
"A identificação é muito complexa, porque a superdotação se confunde muitos as características e comportamentos com os sintomas de transtornos, então, a identificação precisa passar por um processo profundo, que nesse processo, a base dele é a história de vida dessa criança ou desse adulto ou desse adolescente. Por isso que hoje no Brasil, nós temos a subnotificação em torno de 38 mil, enquanto, pela OMS, no mínimo, a gente deveria ter 4 milhões, isso dentro do sistema de ensino", explica Olzeni Ribeiro.
Para Matheus, o apoio da família foi essencial para sua recuperação.
"Eu fui lentamente me recompondo, fui me colocando no lugar, sem saber da superdotação. E consegui com muita ajuda deles retornar à escola", afirma.
Matheus Carvalho, de 22 anos, cursa engenharia mecânica e usa a tecnologia para criar modelos em impressora 3D.
Reprodução/TV Globo
Veja a íntegra do programa abaixo:
Edição de 25/02/2025
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