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Festas de fim de ano: ‘Brigue com os políticos, não com seus pais’, diz psicoterapeuta

Espécie de conselheira da vida moderna, Philippa Perry defende uma relação mais honesta entre pais e filhos e pede que as conversas sobre política no Natal simplesmente não existam. A psicoterapeuta aposta na maturidade para que as relações entre pais e filhos — especialmente em tempos de polarização — sejam mais amigáveis.
Camila Cordeiro
Em uma manhã quente em São Paulo, a psicoterapeuta inglesa Philippa Perry sobe em um palco onde tem um divã amarelo, levando consigo um pequeno caderno Moleskine.
As anotações a ajudam “a lembrar” dos principais pontos que abordará nesta apresentação feita no fim de novembro para uma plateia lotada de homens e mulheres.
Eles pagaram até R$ 440 para assistir a uma palestra de cerca de uma hora cujo nome é “a palestra que você gostaria que seus pais tivessem assistido”, uma espécie de edição ao vivo da sua mais recente obra, “O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido” (Fontanar).
➡️Enquanto simulava estar empurrando uma criança em um balan..

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Espécie de conselheira da vida moderna, Philippa Perry defende uma relação mais honesta entre pais e filhos e pede que as conversas sobre política no Natal simplesmente não existam. A psicoterapeuta aposta na maturidade para que as relações entre pais e filhos — especialmente em tempos de polarização — sejam mais amigáveis.
Camila Cordeiro
Em uma manhã quente em São Paulo, a psicoterapeuta inglesa Philippa Perry sobe em um palco onde tem um divã amarelo, levando consigo um pequeno caderno Moleskine.
As anotações a ajudam "a lembrar" dos principais pontos que abordará nesta apresentação feita no fim de novembro para uma plateia lotada de homens e mulheres.
Eles pagaram até R$ 440 para assistir a uma palestra de cerca de uma hora cujo nome é "a palestra que você gostaria que seus pais tivessem assistido", uma espécie de edição ao vivo da sua mais recente obra, "O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido" (Fontanar).
➡️Enquanto simulava estar empurrando uma criança em um balanço, Philippa dizia: "Seja honesto com seus filhos. Se você está cansado e quer ir embora do parque depois de muito balançar, não diga que precisam ir porque a criança tem que comer", afirmou.
"Certamente, ele dirá que não está com fome. Diga que vão embora porque você está cansado."
Perry defende uma relação com as crianças à mesma altura. Literalmente. "Olhem para o filho de vocês", disse ela, ajoelhada, fingindo manter a mesma altura de uma criança. "Você está com raiva, não é? Eu entendo, pode ficar bravo", encena no palco.
"Deem nome para o que eles estão sentindo", dizia, olhando para a plateia, enquanto ainda estava de joelhos.
Para ela, os limites devem ser impostos a partir dos pais e não o contrário. "Se vocês querem estar às nove da noite deitados no sofá tomando um vinho, coloquem seus filhos para dormir às oito", afirmou.
"Se o seu limite for às nove horas, não espere chegar nele. Mande as crianças para cama antes disso."
As mais de duas décadas de carreira e os livros que publicou fizeram de Perry uma espécie de conselheira da vida moderna.
Hoje ela é apresentadora, escritora e embaixadora da The School of Life, organização que se dedica a desenvolver inteligência emocional, por onde ela publicou um de seus livros — Como manter a mente sã (Objetiva).
Além disso, ela mantém uma coluna no jornal The Guardian, em que se dedica a responder sobre dúvidas existenciais. As mais frequentes?
"Eu estou certo e eles estão errados", responde ela, com uma voz irritante. "Como posso garantir que as outras pessoas saibam que estão erradas e venham para o lado certo?", exemplificou genericamente sobre o que recebe de perguntas.
"O que eu mais vejo são questões relacionadas a ser rígido em seu ponto de vista e querer mudar os outros sem pensar que, talvez, você precise mudar a si mesmo", explica.
Questões amorosas também aparecem muito, conta ela, em uma conversa com a BBC News Brasil após a palestra.
Já sobre filhos, ela conta que, muitas vezes, as questões revelam que não há nada de errado com a criança.
"Se você acha que seu filho tem um problema, olhe para o seu relacionamento com ele. É lá que você encontrará a resposta", diz.
"Talvez seja um pai que não está se adaptando a uma criança que é super sensível", afirma.
"Acho que os pais precisam estar cientes de que crianças diferentes têm sensibilidades diferentes. Por isso, o que funcionou para o filho número um, pode não servir para o filho número dois. Você tem que se adaptar a cada criança."
🌍'Vocês estão destruindo o planeta'
Perry conta que, de maneira geral, recebe cartas "desesperadamente tristes", de famílias que se desestruturaram, crianças afastadas, brigas e uma "sensação de solidão desesperadora".
"Mas, no último domingo, recebi uma muito boa. Era de uma mulher em desespero devido às mudanças climáticas."
Os conselhos, neste caso, são práticos. E a psicoterapeuta lista muitos.
"Talvez devêssemos desligar o ar-condicionado. Seria um bom começo", diz Perry.
"Não adianta ter medo das mudanças climáticas se você não desliga o ar-condicionado. Na Inglaterra, não temos ar-condicionado, e o verão está ficando bastante quente", prossegue.
"Sabe o que fazemos? Abrimos uma janela aqui e outra lá", diz, apontado para lados opostos da sala. "Aqui [no Brasil], você precisa usar um cardigã, porque faz frio."
Perry conversou com a BBC News Brasil em uma sala dentro de um shopping, onde ocorreu a palestra.
Era uma sala sem janelas, com luzes acesas e o ar-condicionado em temperatura baixa o suficiente para que ela, de fato, usasse um cardigã enquanto lá fora os termômetros ultrapassavam os 30 graus.
"No hotel onde estou, eu desligo o ar-condicionado ao sair, e, quando volto, a camareira o ligou de novo e ajustou para 17 graus. E eu penso: 'Vocês estão destruindo o planeta!'"
Seu incômodo com a cultura brasileira do ar-condicionado ficou evidente, porque ela seguiu falando: "Na Grã-Bretanha, parece que somos um pouco mais conscientes em relação ao uso de energia. Aqui, é como se…".
"Talvez vocês pensem: 'Temos a floresta tropical, o resto do mundo que se dane.' Mas, por favor, aumentem a temperatura do ar-condicionado. Abram as janelas, parem de fechar tudo com essas cortinas que bloqueiam a luz do dia", afirma.
"E, meu Deus, que cultura dos carros. Não vi uma bicicleta desde que cheguei aqui. Desculpe, mas não vi nenhuma bicicleta."
🎅'Um bom assunto tabu'
Mas, além da ecoansiedade, a ansiedade com o fim do ano e as festas e encontros de família também afligem nessa época.
A "síndrome do fim do ano", ou "dezembrite", são conceitos que não existem na psicologia, mas, na prática, afetam muita gente.
Para tentar amenizar, Perry dá apenas um único conselho: "Por favor, não fale com seus pais sobre política no Natal."
"Você não vai mudar a opinião de ninguém. Porque essas são decisões emocionais", diz.
"E muitas vezes votamos diferente dos nossos pais porque queremos nos diferenciar deles, nos separar deles. Então, isso também é uma razão emocional, mesmo que possamos justificá-la com fatos."
Para ela, "basta tratar isso como um bom assunto tabu, sobre o qual vocês nem mesmo concordam em discordar".
"Brigue com os políticos, não com os seus pais. Torne-se um político. Defenda o que você acredita, faça campanha pelo que você acredita. Apenas deixe seus pais fora disso."
A psicoterapeuta aposta na maturidade para que as relações entre pais e filhos — especialmente em tempos de polarização — sejam mais amigáveis. E explica que isso tem fundamento na ciência.
"Quando somos adolescentes, somos muito apaixonados, o cérebro está funcionando com muita intensidade. Mas, à medida que você envelhece, vai ficando mais razoável", diz.
"Com 25 anos seu cérebro já não é a mesma explosão, por isso você é muito mais razoável e menos propenso a explodir. Isso é um fator quando se trata dessas conversas. Então, cresça e não ache que todo mundo precisa pensar como você."
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Sisu 2025: inscrições começam 17 de janeiro; veja cronograma

Assim como em 2024, as inscrições do Sisu só serão abertas em janeiro. Programa usa as notas do Enem para aprovar candidatos em universidades públicas. As notas do Enem são utilizadas no processo seletivo do Sisu.
Mateus Santos/g1
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025 estarão abertas entre 17 de janeiro e 21 de janeiro, conforme edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira (26). O resultado da chamada regular será divulgado no dia 26 de janeiro.
Assim como em 2024, o programa terá apenas uma edição — só em janeiro, sem o processo seletivo que usualmente acontecia nos meses de junho ou julho.
Por meio dessa etapa única, os candidatos poderão usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 para concorrer, em universidades públicas, a cursos cujas aulas começarão tanto no primeiro quanto no segundo semestre (entenda mais abaixo).
Tire suas dúvidas abaixo e veja o cronograma completo:
➡️Quem está apto a participar? Alunos que tenham ..

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Assim como em 2024, as inscrições do Sisu só serão abertas em janeiro. Programa usa as notas do Enem para aprovar candidatos em universidades públicas. As notas do Enem são utilizadas no processo seletivo do Sisu.
Mateus Santos/g1
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025 estarão abertas entre 17 de janeiro e 21 de janeiro, conforme edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira (26). O resultado da chamada regular será divulgado no dia 26 de janeiro.
Assim como em 2024, o programa terá apenas uma edição — só em janeiro, sem o processo seletivo que usualmente acontecia nos meses de junho ou julho.
Por meio dessa etapa única, os candidatos poderão usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 para concorrer, em universidades públicas, a cursos cujas aulas começarão tanto no primeiro quanto no segundo semestre (entenda mais abaixo).
Tire suas dúvidas abaixo e veja o cronograma completo:
➡️Quem está apto a participar? Alunos que tenham feito o Enem 2024 e tirado nota acima de zero na redação. Treineiros não serão aceitos.
➡️Poderei escolher em qual semestre vou entrar na faculdade? Não. Caberá à universidade, por meio da ordem da lista de classificação de candidatos, selecionar quem estudará em cada semestre. A classificação é determinada pelo desempenho de cada participante no Enem 2024.
➡️O programa possui cotas? Sim, e funciona da seguinte maneira:
Todos os candidatos concorrerão, primeiramente, às vagas de ampla concorrência.
Caso não alcancem as notas nesta modalidade e façam parte de algum dos grupos de cotas (os critérios são de raça e de renda), aí, sim, entrarão na disputa pelo benefício.
Com isso, se uma pessoa autodeclarada preta, por exemplo, tirar uma nota mais alta que a exigida na ampla concorrência, será aprovada na "lista geral" e não tirará a vaga de um cotista com desempenho mais baixo.
➡️Qual o cronograma?
Inscrições: 17 a 21 de janeiro
Resultados da 1° chamada: 26 de janeiro
Matrículas: 27 a 31 de janeiro
Manifestação de interesse na lista de espera: 26 a 31 de janeiro
5 cuidados para tomar ao se inscrever no Sisu

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Bombou no g1: questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova; relembre

Aparente falta de dados em um enunciado de matemática assustou participantes da prova. Bastava, no entanto, que os números fossem substituídos por incógnitas (como 'a', 'b' e 'c'). Questão de matemática do Enem 2024 viraliza nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Histórias curiosas, personagens divertidos e casos virais. Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2024. Hoje é dia de relembrar sobre a questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova.
Essa reportagem foi originalmente publicada em novembro.
Relembre
“Isso é conteúdo de faculdade!”, “Como você quer que eu saiba?” e “Cadê o resto [da questão]?”. Essas foram algumas das manifestações de revolta de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, no último domingo (10), diante de uma pergunta de matemática (⚪147 da prova cinza, 🟢155 da verde, 🔵137 da azul e 🟡164 da amarela).
Ela pedia qu..

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Aparente falta de dados em um enunciado de matemática assustou participantes da prova. Bastava, no entanto, que os números fossem substituídos por incógnitas (como 'a', 'b' e 'c'). Questão de matemática do Enem 2024 viraliza nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Histórias curiosas, personagens divertidos e casos virais. Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2024. Hoje é dia de relembrar sobre a questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova.
Essa reportagem foi originalmente publicada em novembro.
Relembre
"Isso é conteúdo de faculdade!", "Como você quer que eu saiba?" e "Cadê o resto [da questão]?". Essas foram algumas das manifestações de revolta de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, no último domingo (10), diante de uma pergunta de matemática (⚪147 da prova cinza, 🟢155 da verde, 🔵137 da azul e 🟡164 da amarela).
Ela pedia que os estudantes calculassem a média no boletim de uma pessoa, sem que nenhuma nota fosse divulgada no enunciado. A única informação disponível era a seguinte: quando o "personagem" fez a conta, dividiu o total por 5, e não por 4. E, com isso, chegou a um resultado que era uma unidade menor do que o correto.
Segundo professores de quatro cursinhos ouvidos pelo g1 (Anglo, pH, Poliedro e Professor Ferretto), essa questão não estava entre as 10 mais difíceis da prova. O que provavelmente desestabilizou os candidatos foi a aparente (e ilusória) falta de dados.
Abaixo, veja a resolução feita por Rodrigo Serra, professor de matemática do Colégio Oficina do Estudante:
Questão sobre média de notas viraliza nas redes: 'cadê o resto da pergunta?'
🖊️ Resposta: B.

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A radical teoria pós-quântica, que tenta responder o que Einstein não conseguiu

A Física moderna é baseada em dois pilares: a física quântica e a teoria da relatividade geral. O problema é que ambos são incompatíveis. 'A última palavra ainda não foi dita', disse Einstein sobre uma das maiores questões da Física moderna
Getty Images/via BBC
“Uma nova moda surgiu na Física”, queixou-se Albert Einstein no início da década de 1930.
Essa “moda” era nada menos que a física ou a mecânica quântica. A sua mera existência colocou em perigo a teoria da relatividade geral, a maior criação de Einstein, publicada em 1915.
“Se isso tudo for verdade, então significa o fim da Física”, chegou a dizer o famoso cientista.
O ponto aqui é que a física quântica e a relatividade geral são incompatíveis.
Quase 100 anos se passaram e nenhuma das duas teorias cancelou a outra. Na verdade, ambas formam os pilares de todos os avanços da Física moderna.
💡A física quântica provou repetidamente ser a melhor explicação do comportamento das menores partículas do universo, como elétrons,..

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A Física moderna é baseada em dois pilares: a física quântica e a teoria da relatividade geral. O problema é que ambos são incompatíveis. 'A última palavra ainda não foi dita', disse Einstein sobre uma das maiores questões da Física moderna
Getty Images/via BBC
"Uma nova moda surgiu na Física", queixou-se Albert Einstein no início da década de 1930.
Essa "moda" era nada menos que a física ou a mecânica quântica. A sua mera existência colocou em perigo a teoria da relatividade geral, a maior criação de Einstein, publicada em 1915.
"Se isso tudo for verdade, então significa o fim da Física", chegou a dizer o famoso cientista.
O ponto aqui é que a física quântica e a relatividade geral são incompatíveis.
Quase 100 anos se passaram e nenhuma das duas teorias cancelou a outra. Na verdade, ambas formam os pilares de todos os avanços da Física moderna.
💡A física quântica provou repetidamente ser a melhor explicação do comportamento das menores partículas do universo, como elétrons, glúons e quarks que constituem os átomos.
💡Por sua vez, a relatividade geral, que é a moderna teoria da gravidade, provou ser a melhor descrição de tudo o que acontece em grande escala, desde o funcionamento do Sistema Solar e dos buracos negros até a origem do universo.
No entanto, elas permanecem contraditórias entre si. Ou seja, as regras da relatividade geral funcionam perfeitamente para as galáxias, bem como para tudo o que nos rodeia e é visível: uma árvore, um gato, uma pérola…
Porém, assim que analisamos o comportamento de algo tão pequeno como um átomo, tudo muda.
Os pesquisadores não conseguem nem usar a mesma Matemática para explicar uma teoria e outra.
De alguma forma, a natureza consegue fazer com que os dois sistemas coexistam — mas a Ciência ainda não fez o mesmo.
Para muitos, esta incompatibilidade é a maior questão sem resposta da Física.
Einstein e milhares de outros pesquisadores em todo o mundo procuraram criar uma teoria que unisse a física quântica e a relatividade geral.
É o que muitos chamam de "teoria de tudo", um nome tão atraente que virou título do premiado filme biográfico de Stephen Hawking, um dos renomados cientistas que tentaram — também sem sucesso — encontrar o "Santo Graal" da Física.
Agora, uma nova teoria propõe uma virada radical nesta charada secular.
Seu nome, porém, é menos mercadológico: ela é chamada de teoria pós-quântica da gravidade clássica e é liderada pelo físico Jonathan Oppenheim, do Instituto de Ciência e Tecnologia Quântica da Universidade College London (UCL), no Reino Unido.
Trata-se de algo tão revolucionário que mesmo alguns dos seus detratores reconhecem que essa é a primeira abordagem verdadeiramente original a surgir em pelo menos uma década.
Há mais de 100 anos vivemos num universo cujas bases foram estudadas e definidas por Einstein
Getty Images/via BBC
A quarta força fundamental
Embora possa parecer contraditório, um dos aspectos mais inovadores da teoria de Oppenheim é o termo "clássico" em seu nome.
Até agora, a abordagem predominante para resolver a incompatibilidade entre a física quântica e a relatividade geral envolve modificar o último sistema para ajustá-lo ao primeiro.
É o que os físicos chamam de "quantização", porque no final ela se converte numa teoria quântica.
"Quantizar" a relatividade geral faz ainda mais sentido se pensarmos que é algo que os cientistas já conseguiram fazer com as outras três forças fundamentais que governam o universo: a força nuclear fraca, a força nuclear forte e a força eletromagnética.
Mas eles simplesmente não conseguiram fazer o mesmo com a gravidade — e não foi por falta de tentativa.
"É um problema matemático muito difícil", contextualiza Oppenheim à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Mas também é conceitualmente complicado, porque essas duas teorias têm diferenças tão fundamentais que é muito difícil conciliá-las."
Ele explica: "Quase todas as tentativas assumiram que devemos 'quantizar' a gravidade. A minha sensação sobre a razão pela qual essa tarefa tem sido tão difícil é que talvez não seja possível e que apontamos para a coisa errada."
Por isso, o pesquisador e a equipe dele decidiram mudar o foco e "modificar um pouco, ou muito, a teoria quântica, para que esses dois sistemas possam se encaixar".
Na nova teoria, publicada em dezembro de 2023 nas revistas Nature Communications e Physical Review X, a relatividade geral continua a ser uma teoria não quântica, ou clássica.
A física Sabine Hossenfelder, do Centro de Filosofia Matemática de Munique, na Alemanha, que não fez parte da pesquisa da UCL, diz à BBC News Mundo que a ideia de Oppenheim "é muito legal".
"É muito raro neste campo ver nascer uma nova ideia", observa a especialista.
Hossenfelder fez parte de um comitê que revisou a teoria há seis anos e, embora a achasse interessante, considerou que ela era "muito especulativa, imatura e vaga".
"Tinha tantas pontas soltas que parecia que poderia falhar completamente, por isso fiquei muito impressionada quando vi o que saiu vários anos depois, porque abordava quase todos esses pontos levantados", diz ela, que esclarece com um sorriso "sempre ter algo a comentar e a observar".
Dois conceitos básicos e um 'inaceitável'
O tecido (quadriculado branco na ilustração), que representa o espaço-tempo, deformado por uma bola (em amarelo), que faz alusão a uma estrela como o Sol
BBC
Uma bola de menor massa (em verde) acompanha a curvatura do tecido quadriculado causada pela maior (em amarelo), como acontece com a Terra em relação ao Sol
BBC
Antes de seguir a explicação sobre a teoria de Oppenheim, é importante compreender o conceito básico da relatividade geral e uma das características da física quântica que mais perturbou Einstein.
O que Einstein fez para revolucionar a Ciência em 1915 foi definir a gravidade como "uma deformação do espaço-tempo".
A maneira mais fácil de compreender esse conceito é pensar em um trampolim onde colocamos uma bola pesada — por exemplo, uma bola de bilhar.
Quando uma coisa dessas acontece, o tecido afunda no local onde a bola está.
Agora, imagine jogar nesse mesmo trampolim uma bola mais leve (uma bola de gude), e tentar fazê-la girar na borda da curvatura do tecido relacionada ao peso da bola mais pesada.
O que acontece é que a bola de gude vai se mover em círculos cada vez menores, aproximando-se da bola de bilhar.
Segundo a teoria da relatividade geral, isso não acontece porque a bola de bilhar exerce sobre a bola de gude uma força de atração invisível, mas porque o formato do tecido — ou melhor, a sua deformação — a obriga a fazer essa curvatura.
Na teoria de Einstein, o espaço-tempo faz a mesma coisa de forma quadridimensional — de modo que a Terra gire em torno do Sol, por exemplo.
Oppenheim explica que, na teoria pós-quântica da gravidade clássica "o espaço-tempo se mantém como aquele tecido em que vivem as partículas quânticas, tal como Einstein concebeu".
O que muda é que o espaço-tempo incorpora o acaso da física quântica, característica que deu origem a uma das frases mais famosas de Einstein: "Deus não joga dados."
Einstein acreditava que faltava informação na "moda" da física quântica, mas o que décadas de estudos têm mostrado é que a aleatoriedade não se deve a um erro na teoria ou a uma falha nas medições, mas a uma característica inerente ao comportamento das partículas fundamentais.
Oppenheim e sua equipe unem a física quântica e a relatividade geral, tornando o espaço-tempo também inerentemente aleatório.
"Ainda temos essa aleatoriedade na teoria quântica, mas ela é mediada pelo próprio espaço-tempo", explica o físico.
Em outras palavras, o próprio tecido começa a apresentar oscilações aleatórias.
Isto é algo "inaceitável" para muitos dos seus colegas — e é provável que Einstein também pensasse o mesmo.
"A estrutura aleatória do espaço-tempo é o que, em certo sentido, lança os dados na teoria quântica", compara Oppenheim, parafraseando Einstein.
'Ganha-ganha'
"Cada vez que você propõe uma nova teoria, é preciso fazer uma série de verificações para ver se ela é consistente com as observações", explica Oppenheim.
"E é emocionante que esta teoria faz previsões que podem ser testadas experimentalmente."
"Ao levar em conta que esta teoria exige que o espaço-tempo tenha flutuações, podemos busca-las", acrescenta ele.
Para isso, os pesquisadores propõem medir o peso de uma massa com extrema precisão e verificar se ela é constante ou se apresenta certas oscilações.
Por exemplo, o Escritório Internacional de Pesos e Medidas, localizado na França, pesa rotineiramente um objeto que foi usado para criar o padrão mundial do que é hoje considerado exatamente um quilo.
Ao utilizar novas tecnologias de medição quântica, de acordo com a teoria pós-quântica da gravidade clássica, o peso do referido objeto deixaria de ser um quilo e se tornaria imprevisível.
"Se encontrarmos as flutuações, provaremos que a teoria é verdadeira e, se não as encontrarmos, conseguiremos refutá-la", diz Oppenheim.
"Isso é particularmente emocionante", confessa ele.
Mas há ainda mais coisas a descobrir.
Oppenheim entende que a nova teoria poderia responder a outra das grandes incógnitas da Física moderna: o que são a matéria escura e a energia escura.
Para entender a importância disso, é primeiro antes saber o que esses conceitos são (e não são).
Todos os planetas, estrelas e objetos cósmicos visíveis são feitos da chamada matéria normal. Juntos, eles representam cerca de 5% do universo.
Os 95% restantes ainda são um mistério — e por isso são chamados de matéria escura e energia escura.
Se nos estudos para verificar a nova teoria, as flutuações forem suficientemente intensas, elas "seriam candidatas muito fortes para o que pensamos ser matéria escura e energia escura", segundo Oppenheim.
"Isso explicaria 95% da evolução do Universo, o que representaria um grande impacto", complementa o pesquisador.
Por sua vez, Hossenfelder destaca que a equipe da UCL desenvolveu uma Matemática completamente nova para esta teoria e afirma que a mera existência desses trabalhos pode ser útil para outros fins.
Em suma, a história da Ciência está repleta de pesquisas que tiveram aplicações inesperadas.
O próprio Einstein, aliás, acendeu a centelha que levou à física quântica — a qual ele renunciou até o fim da vida.
"Se houvesse algo que pudesse confirmar que estas previsões são verdadeiras, isso seria muito interessante e certamente atrairia diversas pessoas para observá-las mais de perto", considera Hossenfelder.
Mas a teoria só foi publicada há um ano — e derrubar décadas de consenso científico baseados nos estudos encabeçados por Einstein não será fácil.
Hossenfelder é cética sobre a nova teoria — algo que, na opinião dela, a coloca numa posição de "ganha-ganha".
A cientista ganha se estiver certa no ceticismo dela. Mas também ganha se estiver errada, porque isso significaria que ela — e todos nós — testemunhamos em vida o nascimento de uma nova revolução da Física.
*Com reportagem de Max Seitz.
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