Nos EUA e na Austrália, vídeos de receitas e de brincadeiras levaram a casos graves de internação infantil. Saiba como proteger seu filho desses acidentes. No último domingo (13), no Distrito Federal, Sarah Raissa, de 8 anos, morreu após inalar desodorante em spray, supostamente por influência de uma trend do TikTok. O episódio aumentou a preocupação de pais e mães em relação a esses “desafios” propostos às crianças nas redes sociais.
➡️São vídeos que estimulam o público a correr determinado perigo (e a filmar tudo): por exemplo, mastigar sabão, prender a respiração até perder a consciência, ingerir medicamentos sem água ou, como no caso de Sarah, aspirar aerossol.
🚨Mas, atenção: tragédias ocorridas principalmente nos Estados Unidos e na Austrália mostram que os pais devem supervisionar (ou proibir) o uso de redes sociais mesmo quando não há esses “desafios” envolvidos. Posts que aparentemente incentivam a autonomia da criança — como aqueles que ensinam receitas culinárias ou novas formas de brincar — levaram a casos de queimaduras severas, como você verá nesta reportagem.
“A gente percebe que as famílias estão desinformadas dos riscos que seus filhos correm no acesso às redes sociais", diz Adriana Brito, psicóloga com especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"Deixá-los navegar na internet sem fiscalização de um adulto deveria trazer a mesma preocupação que vê-los andando sozinhos na rua", afirma a especialista.
O g1 entrou em contato com o TikTok para saber detalhes sobre a política de proteção a crianças, mas não havia recebido resposta até a última atualização deste texto.
Brinquedo explode em criança
NeehDoh, brinquedo vendido no exterior, explode caso atinja altas temperaturas
Divulgação
Em março, no Missouri, nos Estados Unidos, Scarllet Selby, de 7 anos, entrou em coma depois que seu brinquedo explodiu.
➡️Uma trend do TikTok sugeria que as crianças colocassem o NeehDoh (uma bolinha ou um cubo antiestresse feito de borracha, com enchimento de álcool) no congelador e, logo em seguida, no micro-ondas. Em tese, isso deixaria o objeto mais maleável e divertido.
Em entrevista ao site americano “New York Post”, a mãe de Scarllet contou que, quando a menina foi verificar se o cubo já estava quente, o brinquedo colapsou. Uma gosma quente e grudenta atingiu o peito e o rosto da criança, que urrava de dor.
Segundo os pais, enxertos de pele só serão considerados alternativas para o tratamento após a paciente completar 12 anos — até lá, ela conviverá com as cicatrizes profundas causadas pela queimadura.
“As crianças não têm noção de perigo. Como vamos evitar que elas coloquem uma bolinha no micro-ondas? É preciso ter um adulto por perto o tempo inteiro, principalmente na cozinha”, afirma Brito, da UFRJ.
“É legal incentivar a independência, mas precisa haver responsabilidade. Se for fazer um bolo com o seu filho, fique ao lado para dar orientações e ajudar a colocar [a assadeira] no forno. Ter autonomia é importante, mas um adulto deve instruir determinadas etapas.”
Veja mais abaixo os cuidados necessários para evitar queimaduras na cozinha.
Receita de doce: outro exemplo de conteúdo que parece 'inofensivo'
Tanghulu é feito a partir de fruta imersa em calda quente de açúcar
Reprodução/Freepik
Desde o ano passado, médicos alertam que uma técnica viral para preparar “Tanghulu” (doce asiático em que frutas no espeto são mergulhadas em calda quente de açúcar) está levando à internação de crianças por queimadura.
Os posts ensinam qualquer pessoa a, com apenas dois ingredientes, criar uma sobremesa brilhante e colorida. O problema é que os vídeos orientam que o interessado aqueça o açúcar no micro-ondas, a pelo menos 150ºC — e essa não é uma temperatura segura para ser atingida dentro do aparelho.
Nos Estados Unidos, em apenas duas semanas, em agosto de 2024, a cirurgiã Colleen Ryan, do Shriners Children’s Boston, chegou a atender duas crianças com queimaduras graves provocadas pelo açúcar quente. Foram casos em que a calda “espirrou” e atingiu a pele dos pacientes.
Um mês depois, um depoimento ao blog “Tiny Hearts” trouxe mais um caso grave associado a essa receita. Em Queensland, na Austrália, a filha de Chloe* tentou fazer o “Tanghulu” sozinha.
“Eu estava no meu escritório, próxima à cozinha. Ouvi o micro-ondas e perguntei o que minha filha fazia — sem resposta. Fui até lá e pedi que tirasse a tigela do aparelho. Foi então que o fundo [do recipiente] explodiu, e a calda fervente voou por 1,5 metros, até o pé do meu filho de 7 anos, que estava passando por ali", contou a mãe.
Foram 4 semanas de tratamento intensivo, com 10 anestesias gerais para limpeza e enxertos de pele. Novas cirurgias não foram descartadas.
🆘O que fazer em caso de queimadura?
Simone Borges da Silveira, pediatra responsável pela emergência no Hospital Pequeno Príncipe (PR), dá as seguintes orientações:
Pré-adolescentes de 12-13 anos podem mexer no micro-ondas, mas com supervisão. Oriente seu filho a respeito dos materiais que não podem ser aquecidos no aparelho, como alumínio.
Se for fazer uma receita no fogão, ensine a criança ou o adolescente a sempre deixar o cabo da panela para “dentro”, evitando que alguém esbarre no objeto e provoque um acidente.
“Ferver água quente pode ser perigoso. Calda de brigadeiro também espirra. E não podemos nos esquecer do forno, que fica quente e à altura da criança”, explica Silveira.
Se a pessoa se queimar, coloque água gelada na parte do corpo afetada. Em áreas pequenas, como a mão, o ideal é deixá-las embaixo da torneira aberta. Em partes maiores, use uma toalha bastante umedecida e fique pressionando a pele.
Em seguida, procure um hospital para analisar a necessidade de curativo e de internação.
Jamais puxe o que estiver colado na pele na hora da queimadura. “Se tentar puxar, pode causar uma lesão”, diz a médica.
A gravidade vai depender da profundidade do ferimento e da extensão dele:
queimadura de 1º grau: a pele só fica avermelhada;
queimadura de 2º grau: há a formação de bolhas (que jamais devem ser estouradas!);
queimadura de 3º grau: os nervos são atingidos.
“Dependendo do acidente, a cicatrização pode provocar uma retração do tecido, como se ele enrugasse. Isso limita o movimento da parte do corpo atingida”, afirma a especialista.
Vídeos de Educação
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