Os brasileiros têm sentido o impacto da inflação desde o começo do ano e isso tem impactado o consumo de alimentos e itens de abastecimento doméstico, de acordo com a pesquisa Radar, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgada nesta quarta-feira, 15. De acordo com o levantamento, realizado em parceria com o Ipespe, 93% dos brasileiros afirmaram que o preço dos produtos aumentou ou aumentou muito em relação ao começo deste ano. O número fica acima de 90% em todas as faixas de renda, sendo de 96% entre aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos.
Consequentemente, 78% dos entrevistados apontaram que o consumo de alimentos e outros itens de abastecimento doméstico é o que mais tem sido impactado pela aceleração dos preços.
"A inflação é o inimigo número um do Brasil. É um fenômeno mais sério aqui porque, há nove meses consecutivos, anualizada, vem ultrapassando a faixa dos dois dígitos. Além disso, está bastante disseminada e vem atingindo sobretudo as classes menos favorecidas", afirma em nota o presidente da Febraban, Isaac Sidney. "É mais sério também porque a inflação tem fatores estruturais, que estão entre nós, como o quadro fiscal débil que, vez por outra, volta a inspirar cuidados."
Sobre perspectivas econômicas, 51% dos entrevistados acreditam que sua vida financeira e familiar só vai se recuperar após 2022, ou acredita que isso não acontecerá. Ao todo, 77% estão pessimistas com a recuperação da economia, e 66% têm expectativas negativas para o crescimento à frente.
A pesquisa também perguntou o que os entrevistados pretendiam fazer caso sobre dinheiro no bolso. 31% deles disseram que comprariam um imóvel, 16% utilizariam os recursos para reformas, e 20% afirmaram que aplicariam o dinheiro na poupança. Outros 18% citaram aplicações em outros investimentos.
Vida financeira
Em outra seção, a pesquisa fez questionamentos sobre a avaliação dos bancos pelos brasileiros. Segundo o levantamento, houve recuo em relação às medições anteriores, mas 57% dos brasileiros confiam nos bancos. Ainda, 55% confiam nas fintechs, e 50% têm confiança em empresas privadas.
Ainda de acordo com o levantamento, 54% dos entrevistados veem contribuição positiva do setor bancário para o desenvolvimento da economia brasileira, e 50%, um auxílio no enfrentamento à pandemia da covid-19.
A Radar Febraban também perguntou sobre a contribuição do setor financeiro para o negócio ou atividade profissional dos entrevistados, e para 44% deles, essa contribuição foi positiva. 31% avaliaram a contribuição como neutra, e 14%, como negativa.
O levantamento detectou ainda que aumentou o porcentual de brasileiros que foram vítimas de golpes ou tentativas de fraude. O total passou de 21% em setembro do ano passado para 31% no levantamento atual. Os homens foram os mais atingidos (33%), assim como indivíduos com renda acima de cinco salários mínimos (41%) e com mais de 60 anos (35%).
A clonagem de cartão foi o golpe mais comum, tendo atingido 64% dos entrevistados, 16 pontos porcentuais acima do levantamento de dezembro do ano passado. As citações a golpes via WhatsApp cresceram de 24% para 25% no mesmo período.
A pesquisa da Febraban em parceria com o Ipespe foi realizada entre os dias 21 de maio e 2 de junho, e entrevistou 3 mil pessoas nas cinco regiões do País.