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Babu Santana diz ainda não estar em patamar para negar papel estereotipado

(FOLHAPRESS) – Ator premiado e com mais de 70 trabalhos na TV, cinema e teatro, Babu Santana, 42, ainda não conseguiu fugir do estereótipo dos personagens fora da lei que, ao longo da história do audiovisual, costumam ser atrelados a atores negros. E ele tem sentimentos controversos em relação a este panorama, já que, apesar de estereotipados, os papéis se sobressaíam nas produções.

“Eu aceito esses personagens desde que eles estejam na dramaturgia de uma forma forte, significativa. Também não me interessa fazer um médico que vai falar duas coisinhas e não tem nenhum peso dramatúrgico na história. São duas vertentes”, diz.

Uma situação recorrente o deixa particularmente incomodado: a pouca quantidade de negros (“uns dois ou três”) na área executiva das reuniões que frequenta no meio audiovisual. Babu percebe que uma coisa está ligada a outra. “Enquanto a gente estiver em menor número nessas áreas de criação, execução, ainda vamos viver esse drama de aceitar papéis que colocam os negr..

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(FOLHAPRESS) – Ator premiado e com mais de 70 trabalhos na TV, cinema e teatro, Babu Santana, 42, ainda não conseguiu fugir do estereótipo dos personagens fora da lei que, ao longo da história do audiovisual, costumam ser atrelados a atores negros. E ele tem sentimentos controversos em relação a este panorama, já que, apesar de estereotipados, os papéis se sobressaíam nas produções.

"Eu aceito esses personagens desde que eles estejam na dramaturgia de uma forma forte, significativa. Também não me interessa fazer um médico que vai falar duas coisinhas e não tem nenhum peso dramatúrgico na história. São duas vertentes", diz.

Uma situação recorrente o deixa particularmente incomodado: a pouca quantidade de negros ("uns dois ou três") na área executiva das reuniões que frequenta no meio audiovisual. Babu percebe que uma coisa está ligada a outra. "Enquanto a gente estiver em menor número nessas áreas de criação, execução, ainda vamos viver esse drama de aceitar papéis que colocam os negros nesse lugar de estereótipo. Eu aceito [esses papéis], tenho que pagar as minhas contas."

O ator cita como exemplo de mudança os diretores Luciano Vidigal e Luciano Bezerra, do grupo de teatro Nós do Morro -do qual Babu é diretor, na favela do Vidigal, no Rio. A dupla está rodando um longa dentro da comunidade, com apoio da Globo Filmes. "Eles são artistas periféricos e vão narrar coisas diferentes porque a gente está insatisfeito com esse cenário atual, mas só nós mesmos vamos poder mudar isso."

Para Babu, enquanto as mudanças não vêm, artistas negros precisam continuar aceitando personagens estereotipados -pelo menos enquanto não alcançam status semelhante ao do ator e diretor Lázaro Ramos, que "pode renegar o papel e se manter como cidadão". Na avaliação do ator, Ícaro Silva e Fabrício Boliveira também já alcançaram esse patamar, que ele e Raphael Logam estão próximos de chegar.

"A gente tem essas pessoas que hoje conseguem fazer essa transgressão de estereótipo. Nós estamos chegando lá e em breve vocês vão ver Babu Santana dirigindo, escrevendo. A gente já tem o Babu Santana diretor do Nós do Morro", afirma, orgulhoso, o ator, que cresceu no Vidigal.

Atualmente, ele pode ser visto em sua sexta temporada consecutiva da série "Os Suburbanos" (Multishow). No humorístico, que traz um olhar divertido sobre a rotina da periferia, Babu dá vida a Welliton, primo e assistente de palco do pagodeiro Jefinho, interpretado por Rodrigo Sant' Anna -por quem ele não esconde sua admiração. "Rodrigo é um dos maiores comediantes da nossa atualidade".

O ator também está no elenco de "O Jogo que Mudou a História", série da Globoplay que conta a história da guerra do narcotráfico no Rio de Janeiro, interpretando um dos criadores da organização criminosa Falange Vermelha. "[A série] me proporcionou o reencontro com muita gente que começou comigo nessa onda do favela movie, essas histórias que poucas vezes foram contadas."

Quarto colocado no Big Brother Brasil 20, Babu diz que, mesmo sem o prêmio milionário, o reality mudou a sua vida ao lhe trazer visibilidade e tudo de positivo que vem a reboque da superexposição no programa, como mais oportunidades de fazer trabalhos com publicidade. "Fui para o tudo ou nada e o resultado foi muito positivo. O nosso BBB foi muito interessante, não pela minha pessoa, nós tivemos uma mulher preta ganhando [Thelma Assis]. A minha maior vitória foi ter apontado a campeã assim que a vi."

"45 DO SEGUNDO TEMPO"
Quando: 23 de junho
Onde: Nos cinemas

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