Em seu novo livro, o psicanalista Moises Groisman ensina a lidar com as perdas e reflete sobre a própria finitude O psiquiatra e psicanalista Moises Groisman, um dos pioneiros da terapia familiar no país, acaba de lançar seu 14º. livro, “Terapia familiar do luto: da morte à vida”. O assunto tem um significado especial para ele, que completou 82 anos: “coincide com a etapa final da minha vida, apesar de não ter ideia de quando ela se encerrará”. Depois de fazer seu testamento, reconheceu que se tratava de admitir objetivamente a finitude: “o tempo cronológico me acena com a vinda da morte e há um estreitamento de projetos, nosso alimento emocional”.
O psiquiatra e psicanalista Moises Groisman, um dos pioneiros da terapia familiar no país, autor de “Terapia familiar do luto: da morte à vida”
Divulgação
Embora saibamos que a morte faz parte da existência, é difícil afirmar que alguém esteja preparado para morrer – e também conviver com a perda de entes queridos. Esse é o tema do livro e,..
Em seu novo livro, o psicanalista Moises Groisman ensina a lidar com as perdas e reflete sobre a própria finitude O psiquiatra e psicanalista Moises Groisman, um dos pioneiros da terapia familiar no país, acaba de lançar seu 14º. livro, “Terapia familiar do luto: da morte à vida”. O assunto tem um significado especial para ele, que completou 82 anos: “coincide com a etapa final da minha vida, apesar de não ter ideia de quando ela se encerrará”. Depois de fazer seu testamento, reconheceu que se tratava de admitir objetivamente a finitude: “o tempo cronológico me acena com a vinda da morte e há um estreitamento de projetos, nosso alimento emocional”.
O psiquiatra e psicanalista Moises Groisman, um dos pioneiros da terapia familiar no país, autor de “Terapia familiar do luto: da morte à vida”
Divulgação
Embora saibamos que a morte faz parte da existência, é difícil afirmar que alguém esteja preparado para morrer – e também conviver com a perda de entes queridos. Esse é o tema do livro e, como diz o psicanalista, “é fundamental a aceitação por parte dos que ficam, do contrário ocorre uma paralisia em seu tempo evolutivo”. A terapia familiar do luto funciona como uma cerimônia de encerramento e, como ele acrescenta, “para que algum tipo de sintomatologia não se manifeste tardiamente”.
Seja a morte precoce e inesperada, ou tardia, elaborar a perda é sempre dolorido. Groisman explica que a terapia é finalizada com uma espécie de ritual: uma carta de despedida de cada um dos integrantes daquele círculo impactado pelo luto, para ser lida à beira do túmulo, ou no local onde as cinzas são depositadas.
“A cerimônia de despedida, com os envolvidos no processo, será um espaço onde as emoções dos participantes afluirão. A morte deve ser superada por todo o sistema familiar e não apenas do ponto de vista individual”.
Lembra que, apesar de, ao crescer, acreditarmos que nos tornamos “seres originais, desvinculados da família”, estamos intrinsecamente conectados às nossas origens: “a morte de um membro da família nuclear ou extensa afetará e se irradiará por toda a rede relacional”, analisa. E ensina que, além do luto total, causado pela morte, há lutos parciais, objetivos ou subjetivos.
O luto parcial é quando não há morte, mas uma ruptura significativa. Pode ser objetivo, quando há um diagnóstico de câncer – às vezes, por exemplo, acompanhado pela retirada de uma mama, ou uma cirurgia de próstata. Ou subjetivo, em sentimentos de perda mais difusos: como a menopausa (fim da juventude), o envelhecimento, os filhos saindo de casa. “Enquanto a dependência dos filhos é evidente, a dos pais em relação aos filhos é oculta, difícil de perceber”, discorre.
O livro traz ainda casos clínicos e seu fecho se compõe das reflexões de Groisman sobre o próprio envelhecimento. “Quanto às perdas que sofri, totais (morte de pai e mãe – perda da família de origem – e de irmão) e parciais/individuais (envelhecimento, comprometimento físico: artrose dos joelhos, prostatectomia total para cura de câncer de próstata, seguida de neuropatia periférica pós-radioterapia desse câncer), procuro reagir a elas me adaptando e utilizando os recursos científicos disponíveis. Um minuto, ia me esquecendo de mencionar (não foi um mero esquecimento) a perda da família que constituí no passado com a minha ex-esposa, em virtude do divórcio, da qual resultaram três filhos, e a interrupção de um casamento de 17 anos. Ainda não se falou o suficiente, nem foi considerado pelos teóricos sistêmicos, sobre a importância do divórcio do casal e a perda daquela família”. Que o leitor reflita, é o seu convite.
Capa de “Terapia familiar do luto”, 14º. livro do autor: ritual de despedida pode aliviar a dor
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