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Twitter é clube em que alguns se sentem importantes, diz cofundador do Koo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na segunda semana de novembro, quando Elon Musk demitiu funcionários e ameaçou acabar com o Twitter, brasileiros descobriram uma nova rede social: o Koo.

O microblog indiano criado em 2020 –que também tem um passarinho como símbolo, mas amarelo– agradou pelo duplo sentido do nome –que é do som da ave, “não o que você pensa”, segundo mensagem da empresa– e pela similaridade com a plataforma comprada neste ano pelo bilionário americano por US$ 44 bilhões. Entre os novos perfis estão o do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o do influenciador Felipe Neto e o do líder espiritual dalai-lama.

Em duas semanas, 2,5 milhões de usuários brasileiros se cadastraram no Koo, afirma Mayank Bidawatka, cofundador da rede.

O Koo começou a ser desenvolvido em dezembro de 2019. Em maio de 2021, levantou US$ 30 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela empresa americana Tiger Global.

Em entrevista à Folha, Bidawatka afirma que a plataforma será rig..

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na segunda semana de novembro, quando Elon Musk demitiu funcionários e ameaçou acabar com o Twitter, brasileiros descobriram uma nova rede social: o Koo.

O microblog indiano criado em 2020 –que também tem um passarinho como símbolo, mas amarelo– agradou pelo duplo sentido do nome –que é do som da ave, "não o que você pensa", segundo mensagem da empresa– e pela similaridade com a plataforma comprada neste ano pelo bilionário americano por US$ 44 bilhões. Entre os novos perfis estão o do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o do influenciador Felipe Neto e o do líder espiritual dalai-lama.

Em duas semanas, 2,5 milhões de usuários brasileiros se cadastraram no Koo, afirma Mayank Bidawatka, cofundador da rede.

O Koo começou a ser desenvolvido em dezembro de 2019. Em maio de 2021, levantou US$ 30 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela empresa americana Tiger Global.

Em entrevista à Folha, Bidawatka afirma que a plataforma será rigorosa na moderação de conteúdos.

"Não vamos tolerar nenhum tipo de mentira, desinformação, qualquer tipo de discurso de ódio", diz. Para isso, a empresa conta com dicionários em português e com a colaboração de usuários.

"O Twitter é um clube exclusivo em que algumas pessoas se sentem muito importantes. Não acreditamos nessa filosofia", diz Bidawatka.
Folha – O Twitter e o Koo têm muitas semelhanças. Quais são as diferenças?

Mayank Bidawatka – A semelhança entre o Koo e o Twitter termina no fato que os dois são microblogs. A maior diferença está na filosofia, seja como fundadores, seja como empresa. Somos uma plataforma muito mais inclusiva.

O Twitter é um clube exclusivo em que algumas pessoas se sentem muito importantes. Não acreditamos nessa filosofia. Nós acreditamos que todos são iguais e que todo o mundo deveria ter acesso igualitário.

Existem coisas melhores do que cobrar US$ 8 [R$ 42] ao mês por uma coisa básica como verificação. Acho que a internet deveria prover serviços gratuitos para milhões de usuários, é para isso que ela serve.

Se você quiser editar seu tuíte, você terá de pagar US$ 8 por mês. Essa é uma função gratuita do Koo. Por que deveria pagar por isso?

Folha – Como funciona o algoritmo do Koo?

Mayank Bidawatka – Nossos algoritmos são públicos. Em geral, eles são criados para ajudar as pessoas a encontrar o conteúdo mais relevante diretamente no feed.

Usamos um conceito chamado afinidade, que calcula a partir de vários sinais a afinidade entre dois usuários com base em interações passadas. Com isso, encontramos o conteúdo que está em alta no feed de um usuário e esses dois critérios nos ajudam a priorizar alguns conteúdos em detrimento de outros.

Isso é feito para ajudar os usuários. No entanto, se um usuário atualizar seu feed, ele receberá um novo em ordem cronológica. Entendemos que os usuários também estão interessados nos Koos mais recentes.

Folha – Como fica a questão da publicidade na plataforma? Como conseguem manter o aplicativo rentável?

Mayank Bidawatka – Estamos muito bem capitalizados no momento. Portanto, continuamos a nos concentrar no crescimento, na consolidação, na felicidade e na introdução de novos recursos interessantes.

Nosso objetivo é criar uma plataforma que possa ajudar usuários e criadores a se beneficiar da troca monetária que ocorre entre o app e os anunciantes. Iniciaremos nossos experimentos de monetização em grande escala.

Folha – O que fazem para mitigar discursos de ódio e desinformação no Koo? A língua pode ser uma barreira para a moderação de conteúdo?

Mayank Bidawatka – Trabalhamos com muitos dicionários. Não vamos tolerar nenhum tipo de mentira na plataforma, desinformação, qualquer tipo de discurso de ódio.

Assim que identificamos coisas do tipo, nós imediatamente retiramos do ar. É importante fornecer aos usuários um lugar seguro onde eles possam se expressar.

Temos diretrizes muito claras sobre como moderamos conteúdos. Temos dicionários em todas as línguas que atuamos para identificar discurso de ódio e desinformação. Também fornecemos muitas ferramentas para a comunidade para que eles possam denunciar.

Folha – Facebook, Instagram e Twitter agora dividem espaço com novas plataformas, como TikTok, BeReal e Koo, e enfrentam uma onda de demissões. Como você vê essa movimentação?

Mayank Bidawatka – As pessoas vão continuar procurando por plataformas mais relevantes. O usuário fará perguntas como: "É relevante para mim nos termos da língua que eu falo? Em termos de me conectar com mais pessoas?".

É isto que o Koo está fazendo: aqui está o português, aqui estão todas as pessoas que falam português –dentro ou fora do Brasil. Por favor, fiquem à vontade para conversar, seguirem e aprenderem um com o outro.

Estamos indo um passo à frente do que aconteceu até agora. E fazendo muito melhor, com experiências mais refinadas. Dando um teclado em português, permitindo que você se expresse em várias línguas. Você também pode passar a mesma mensagem em inglês, hindi, francês, alemão, italiano, vietnamita.

Folha – O que acha da atuação de Elon Musk à frente do Twitter?

Mayank Bidawatka – Eu acho que o Elon Musk é uma personalidade muito conhecida. Minha expectativa em relação a figuras mundiais e pessoas que ocupam posições de destaque é que eu possa olhar e aprender com elas. Acho que isso não está acontecendo com ele. O Twitter que conhecemos antes dele é diferente do de hoje.

Acredito que não existe transparência. Não tenho certeza se existe foco no usuário. Eu sei que de fato não há sinal de neutralidade. Ele fez um tuíte no qual disse publicamente que, se alguém ainda não tivesse um candidato, que votassem nos republicanos. Isso não é esperado de uma figura mundial. Isso não é esperado do homem mais rico do mundo. Não é o esperado de uma pessoa que é dono e que comanda o Twitter, que supostamente é uma plataforma neutra.

Folha – Quantos brasileiros entraram na plataforma?

Mayank Bidawatka – O app existe na Índia há dois anos e meio, no Brasil são apenas duas semanas [desde o boom de usuários, na metade de novembro. A entrevista foi feita no início de dezembro]. Foram 2,5 milhões de usuários no app e alguns milhões no site. O Brasil tem crescido muito rápido. Muita gente pegou tração, seguidores e engajamento nos últimos dias.

Folha – Não acha que será passageiro?

Mayank Bidawatka – Não existe motivo para deixar o aplicativo. Existem muitas pessoas que estão ganhando muito com o app. Se você quer seguir qualquer outra pessoa, nós não vamos incluir conteúdos no seu feed nos quais você não tenha se inscrito. Mas você vai ver que isso acontece no Instagram e no Twitter. Até de pessoas que você não segue você começa a ver postagens. Nós não fazemos isso.

RAIO-X

Mayank Bidawatka, 41, é cofundador do Koo e do The Media Ant. É graduado pelo Instituto Asiático de Administração, em Manila, Filipinas. Foi bancário antes de trabalhar em empresas como redBus, uma plataforma online de venda de passagens.

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