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Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto faz pesquisa inédita no Brasil para identificar riscos de paciente ter câncer

Objetivo do estudo é avaliar amostras de sangue de cerca de 15 mil voluntários para entender quais são os fatores genéticos relacionados à maior chance de desenvolver a doença. Pesquisa inédita busca identificar chances de câncer antes do desenvolvimento da doença
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) anunciou em coletiva nesta sexta-feira (25) que deu início a uma pesquisa inédita no Brasil sobre câncer. O grupo de mais de 50 pesquisadores visa identificar quais são os fatores genéticos relacionados ao maior risco de desenvolver a doença.
O objetivo é recrutar cerca de 15 mil voluntários na região. Eles terão amostras de sangue analisadas para entender como a genética interfere no surgimento do câncer.
A expectativa é que com o resultado, estratégias de prevenção individualizadas sejam elaboradas em pessoas com maior risco. Ao mesmo tempo, sejam evitados exames desnecessários em pessoas com pouca chance de desenvolver câncer, economizando recursos públicos e privados da saú..

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Objetivo do estudo é avaliar amostras de sangue de cerca de 15 mil voluntários para entender quais são os fatores genéticos relacionados à maior chance de desenvolver a doença. Pesquisa inédita busca identificar chances de câncer antes do desenvolvimento da doença
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) anunciou em coletiva nesta sexta-feira (25) que deu início a uma pesquisa inédita no Brasil sobre câncer. O grupo de mais de 50 pesquisadores visa identificar quais são os fatores genéticos relacionados ao maior risco de desenvolver a doença.
O objetivo é recrutar cerca de 15 mil voluntários na região. Eles terão amostras de sangue analisadas para entender como a genética interfere no surgimento do câncer.
A expectativa é que com o resultado, estratégias de prevenção individualizadas sejam elaboradas em pessoas com maior risco. Ao mesmo tempo, sejam evitados exames desnecessários em pessoas com pouca chance de desenvolver câncer, economizando recursos públicos e privados da saúde e mudando o foco para talvez outras doenças que o paciente tenha mais risco.
“A gente não quer dar menos do que a pessoa precisa, nem mais. Então em uma mulher com baixo risco de câncer, por exemplo, eu posso pensar em não fazer mais mamografias anuais, serem mais espaçadas e, aí, se ela tiver algo mais importante, como um problema cardiovascular, ele pode ser priorizado”, explicou o chefe de oncologia do HC e pesquisador do estudo, Leandro Colli.
De acordo com Colli, em dados estimados de estudos similares na Inglaterra, o rastreamento da probabilidade do desenvolvimento reduz em 3% a mortalidade por câncer. Também há uma redução em 10% do custo da prevenção.
Cerca de 15 mil voluntários serão recrutados para estudo no HC de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Estudo
O projeto foi aprovado pelo Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) em 2020, passou por uma bateria de avaliações externas e internas do Ministério da Saúde e, posteriormente, captou recursos com mais de 200 empresas do país.
Ao todo, são R$ 8,4 milhões investidos no estudo que deve durar três anos. A expectativa é que até o final de 2024 os resultados sejam publicados em periódicos científicos para que, a partir daí, possam ser elaboradas políticas públicas de saúde.
Participam da pesquisa a Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, o Hospital das Clínicas, a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão (Faepa), a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério da Saúde.
“Esse tema tem sido alvo de grandes estudos mundiais, mas o Brasil não tem pesquisas desse tipo. E quando a gente pega o que foi desenvolvido nos EUA, e aplica na população europeia, funciona 100%. Quando a gente passa para outras populações, como latino-americanas, esse índice cai, porque nossa variação genética é diferente, a gente precisa ter resultados específicos”, diz Colli.
De acordo com o pesquisador, o município de Ribeirão Preto foi escolhido como sede da pesquisa devido a sua diversidade populacional que, segundo estudos, faz com que seja um recorte de representação entre 40% a 60% de toda a população brasileira.
Como funciona?
Na prática, 21 equipes de Saúde da Família do distrito Oeste de Ribeirão Preto serão responsáveis por recrutar os 15 mil voluntários. Para isso, quando os pacientes forem para a unidade fazer algum atendimento cotidiano, o cadastro será oferecido.
Caso aceitem, a parte ética será apresentada, com a assinatura do termo do consentimento e esclarecimento de todas as dúvidas. Após o acordo, esses pacientes serão aprovados e, na próxima vez que forem coletar sangue de exames de rotina, um tubo a mais será retirado uma única vez.
Voluntários que aceitarem participar de estudo do HC de Ribeirão Preto, SP, precisam assinar termo de consentimento
Reprodução/EPTV
Essa amostra será encaminhada para o laboratório e lá, por meio de automatização, serão feitos os estudos. De acordo com o oncologista Colli, a ideia de utilizar robôs é para evitar erros humanos e acelerar a divulgação dos resultados e a elaboração das estratégias de prevenção.
Uma das voluntárias participantes do estudo é a Maria Lúcia. Ela se interessou pela pesquisa por conta da irmã que teve câncer de mama e descobriu somente quando já estava avançado, precisando passar por cirurgia.
“Eu achei muito interessante a gente poder saber antes de ter um câncer. Eu tenho uma irmã que tem câncer de mama e eu sei o tanto que ela sofreu com tudo isso. Eu tenho medo, mas eu prefiro prevenir para não acontecer o que aconteceu com ela, porque é uma doença que judia bastante. Estou muito feliz de estar participando da pesquisa”, contou.
Mais de 800 mil variações genéticas serão analisadas em estudo do HC de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Ciência por trás do projeto
Além da amostra de sangue, outra parte fundamental do estudo é a disponibilização dos prontuários médicos dos pacientes. Essas informações serão armazenadas anonimamente em dois bancos de dados para os cientistas estudarem sobre a probabilidade de aparecer a doença ou não.
“A gente sabe que tem algumas coisas que nascem com a gente no nosso DNA que aumentam a probabilidade de a gente desenvolver a doença. Então estamos tentando identificar quem que teria um maior risco genético”, explica a médica e pesquisadora do estudo Marina Cormedi.
Segundo o oncologista Leandro Colli, 99,99% do DNA é igual para todas pessoas. Contudo, os 0,01% restantes dão as diferenças entre cada indivíduo. Essa parcela que diferencia as pessoas são as variações genéticas. Contudo, há variações que são comuns entre a população, que é onde o estudo irá atuar.
Ao todo, serão analisadas 800 mil variações genéticas dentro de cada uma das 15 mil amostras. A partir desses resultados, os cientistas irão comparar os fatores genéticos de pessoas que tem câncer com aquelas que não tem.
O médico ainda comenta que essas variações isoladas não explicam por si só a probabilidade de desenvolver câncer, mas a soma desses fatores pode apontar um risco. Essa soma de fatores é chamada de score poligênico, ou seja, uma classificação de risco para determinado câncer.
“O score é o agregado dos fatores genéticos que podem levar ao câncer. É uma fórmula matemática. Uma vez que a gente criou o banco de dados e chegou nessas classificações, a gente vai usar isso com novos pacientes, não só com os do estudo. Os cientistas vão poder acessar esses scores poligênicos e dizer se a pessoa tem chance de desenvolver câncer”, explicou Colli.
Pesquisadores de estudo do HC de Ribeirão Preto, SP, tem o objetivo de descobrir fatores genéticos que fatores genéticos que influenciam o risco das pessoas em desenvolver câncer
Reprodução/EPTV
Acesso aberto
Segundo Colli, os scores ficarão disponíveis em acesso aberto, assim como todos os outros que existem atualmente no mundo, para demais cientistas e formuladores de políticas públicas de saúde poderem utilizar.
“Uma vez encontrado esses scores, eles vão ser aplicáveis para boa parte do Brasil, então as prefeituras e os serviços de saúde precisam conhecer e saber que estamos fazendo um trabalho que será útil para eles”, disse o oncologista.
A exemplo, os cientistas poderão baixar o respectivo resultado do câncer de mama e aplicar em uma amostra. “Então a pessoa pode, uma vez que tenha equipamentos de genotipagem e extração, aplicar o mesmo score poligênico que a gente criou”, finalizou Colli.
Ainda segundo o pesquisador, como os dados dos prontuários englobam mais de 20 anos de informações de saúde dos pacientes, com registros de infarto, diabetes e AVC, os dados poderão ser utilizados em outras análises das variações genéticas. Para isso, os pesquisadores desejam prosseguir com a pesquisa e aumentar a amostra para 60 mil pessoas e, posteriormente, 500 mil.
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