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EDUCAÇÃO G1

Modelos pré-prontos de redação do Enem são vendidos por R$ 50 e podem ser cilada; ‘Levei um baque com a minha nota’, diz aluna

Textos, em tese, serviriam para qualquer assunto cobrado na prova — bastaria que o aluno preenchesse lacunas com o tema. g1 encontrou exemplos com erros de ortografia ou com citações que não teriam funcionado nos exames de 2022 e 2023. Já ensinava Sócrates: “Os erros são consequência da ignorância humana”. Logo, é válido analisar as causas da ___invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher___ no Brasil.
Já ensinava Sócrates: “Os erros são consequência da ignorância humana”. Logo, é válido analisar as causas da ___desvalorização das comunidades e povos tradicionais___ do Brasil.
➡️Os dois trechos acima foram escritos com base em um modelo pronto de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O candidato que compra esse tipo de texto na internet (por até R$ 50) tenta memorizá-lo e, no dia da prova, preenche as lacunas com o tema pedido na edição (nos exemplos acima, foram os de 2022 e 2023).
Em tese, os modelos pré-fabricados cumpririam os principais requisitos e s..

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Textos, em tese, serviriam para qualquer assunto cobrado na prova — bastaria que o aluno preenchesse lacunas com o tema. g1 encontrou exemplos com erros de ortografia ou com citações que não teriam funcionado nos exames de 2022 e 2023. Já ensinava Sócrates: “Os erros são consequência da ignorância humana”. Logo, é válido analisar as causas da ___invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher___ no Brasil.
Já ensinava Sócrates: “Os erros são consequência da ignorância humana”. Logo, é válido analisar as causas da ___desvalorização das comunidades e povos tradicionais___ do Brasil.
➡️Os dois trechos acima foram escritos com base em um modelo pronto de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O candidato que compra esse tipo de texto na internet (por até R$ 50) tenta memorizá-lo e, no dia da prova, preenche as lacunas com o tema pedido na edição (nos exemplos acima, foram os de 2022 e 2023).
Em tese, os modelos pré-fabricados cumpririam os principais requisitos e serviriam para qualquer assunto escolhido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Mas será que, na prática, eles realmente funcionam e garantem uma boa nota? Não seria essa uma tática arriscada a ser adotada pelos candidatos? Leia a reportagem abaixo.
Anúncio de modelos prontos de redação do Enem na internet
Reprodução
“Trabalho diariamente com Enem há 7 anos e reconheço, de cara, quando a redação veio desses ‘modelos’. É uma receita de bolo. Em geral, esses alunos começam o texto falando da Constituição e terminam responsabilizando o poder público pelo problema. Dá para identificar na hora”, diz Felipe da Costa Rico, professor do cursinho Redação Nota 1.000.
✏️Do ponto de vista pedagógico, é um desastre, afirmam especialistas ouvidos pelo g1. Normalmente, os alunos:
não desenvolvem a habilidade de argumentação e de articulação de ideias;
chegam à faculdade sem conseguir escrever um artigo simples;
prestam outros vestibulares, que exigem redações diferentes (como o da Unicamp ou da Fuvest), e ficam "travados";
têm dificuldade de adaptar os modelos, dependendo do tema, e acabam produzindo um texto sem coerência.
📢Por outro lado, os atuais critérios de correção do Enem valorizam mais o formato da dissertação do que a profundidade dos argumentos, na opinião de professores. Isso acaba incentivando os candidatos a comprar “fórmulas prontas” ou a procurá-las gratuitamente em e-books e nas redes sociais.
Além disso, não há, nas regras do Inep, uma penalização prevista caso dois ou mais estudantes entreguem textos basicamente iguais.
“Não é raro encontrar redações nota mil que não têm conteúdo aprofundado. Mas, como trazem uma estrutura correta e desenvolvem minimamente uma ideia, são bem avaliadas”, diz Thiago Braga, professor de língua portuguesa do Colégio pH (RJ).
“Infelizmente, percebemos que o Enem criou uma fórmula que, se seguida minimamente, traz uma boa nota. É triste constatar que textos com bons argumentos podem receber notas menores, só porque não estão nesse formato ‘formulaico’.”
➡️Ao g1, o Inep afirma que "o critério 'criatividade' não é objeto de avaliação do exame, pois não faz parte do construto julgado na prova de redação". Diz também que os textos dissertativos "possuem um rol limitado de características formais. Eventualmente, isso pode motivar atividades didáticas que visem ao domínio de tais características".
Mais abaixo, leia sobre:
os motivos pelos quais os alunos recorrem aos modelos pré-prontos;
os riscos de seguir essa tática;
a forma mais indicada de se preparar para a redação.
🖨️Por que os alunos recorrem aos modelos pré-prontos?
As principais razões são:
busca por uma solução mais rápida e imediata, quando comparada ao método tradicional de estudos;
dificuldade de alcançar um bom desempenho em redações originais;
tentativa de poupar tempo no dia da prova, para dedicar mais atenção às 90 questões.
Em Primavera do Leste (MT), o estudante Luiz Henrique, de 18 anos, usará um desses modelos no Enem 2024, para disputar uma vaga em administração.
“Peguei [o ‘molde’] com a minha amiga; ela achou na Internet. [Essa estratégia] acaba me ajudando a ter uma base para o texto, porque geralmente não vou bem na conclusão da redação”, diz. “Mas meu sonho é prestar medicina. Aí, em curso concorrido, acho que os modelos não dariam certo.”
Vamos testar como ficaria o último parágrafo da dissertação no Enem 2023, usando como base uma dessas “receitas”:
Molde: A fim de solucionar esse empasse [o certo é “impasse”; a palavra estava escrita de maneira errada no modelo], é necessária a mobilização de certos agentes implicados em (problema social). Portanto, o (agente) deve (ação), por intermédio de (meio/modo), com (detalhamento). Como resultado dessa nova perspectiva, (indicar o que se realizaria – finalidade).
Preenchendo as lacunas com ideias simples (e corrigindo o erro de português):
Molde preenchido: A fim de solucionar esse impasse, é necessária a mobilização de certos agentes implicados na invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil". Portanto, o governo deve elaborar um programa de conscientização, por intermédio da imprensa e das redes sociais, com mensagens a respeito da importância da igualdade de gênero na divisão de tarefas. Como resultado dessa nova perspectiva, mães e esposas poderiam se sentir menos sobrecarregadas e mais valorizadas.
Perceba que o modelo pode até ajudar o aluno a não esquecer os elementos obrigatórios da conclusão (ação, agente, meio de execução, finalidade e detalhamento).
📢Mas de nada adiantará memorizar esse parágrafo caso o candidato não retome a tese que desenvolveu (ou deveria ter desenvolvido) ao longo do texto. Ele também deverá formular uma proposta que respeite os direitos humanos e que tenha relação direta com o tema. E, sem corrigir o erro de ortografia, poderia ainda ter sido penalizado na competência 1 (“Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa”).
📈Quais os riscos de usar os modelos?
1- O tema pode não se encaixar.
Copiar apenas o molde da conclusão, como Luiz pretende fazer, traz riscos menores do que memorizar um texto pré-pronto inteiro.
Maria Eduarda Dal Pozzo, de Guarapuava (PR), decorou um desses modelos completos para o Enem do ano passado… e ficou decepcionada com a sua nota: 680.
“Levei um baque. Não adiantou nada ter usado essa estratégia, porque faltava a argumentação. O tema não se encaixava. Para este ano, preferi fazer aulas de redação e estudar a estrutura do Enem, sem decorar nada. Já melhorei muito e consegui criar um repertório”, conta a jovem.
Na prova, é esperado que o aluno demonstre referências socioculturais e cite, por exemplo, filósofos, filmes, livros, séries ou documentários ao longo de seu texto. E nem sempre o modelo pré-pronto trará exemplos que tenham alguma conexão com o tema daquele ano.
“O candidato acaba usando Platão para falar de violência contra a mulher ou de inserção de surdos na sociedade. Não adianta: precisa ter a ver com o assunto cobrado. Se não for algo pertinente, vai haver penalização na competência 2 [que avalia a mobilização do repertório para a construção da argumentação]”, afirma Renato Fonseca, professor de redação do Cursinho da Poli (SP).
Outro teste, com base em mais um modelo pré-pronto:
Modelo pré-pronto vendido na internet
Reprodução
"De acordo com Nicolau Maquiavel, no livro “O Príncipe”, para se manter no poder, o Governo deve operar tendo como objetivo o bem universal. Entretanto, é notório que, no Brasil, ___a democratização do acesso ao cinema no Brasil (tema do Enem 2019) ___ rompe com essa paridade, uma vez que prejudica o avanço social brasileiro e afeta a população no dia a dia."
Perceba que o aluno que não fizesse os devidos ajustes escreveria, sem querer, que a democratização prejudica o avanço social brasileiro.
➡️Observação: Os próprios temas têm sido mais complexos nos últimos anos — em 2013, os alunos tiveram de escrever sobre os efeitos da Lei Seca; em 2023, sobre os “desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
“É uma forma de criar um filtro e superar essas fórmulas prontas, para avaliar a competência argumentativa do aluno”, diz Fonseca.
2- O aluno deixa de mostrar seus próprios argumentos e fica “preso” ao que decorou.
No parágrafo citado mais acima, mencionando Maquiavel, é bem possível que o estudante fosse capaz de apresentar uma introdução mais coerente do que a que ele memorizou — ainda mais se considerarmos que o acesso ao cinema é um tema relativamente simples e próximo à realidade dos jovens.
“Nas redações de quem usou modelo, as ideias que ficam no início de cada parágrafo estão desconectadas do restante das ideias. É a principal evidência [de que houve cópia]”, diz Felipe Braga.
3- O candidato esquece uma parte do que memorizou e fica desestabilizado emocionalmente.
Nas redes sociais, a pouco mais de uma semana do Enem, há dezenas de estudantes postando frases como:
Initial plugin text
Initial plugin text
Initial plugin text
Initial plugin text
Se eles não se lembrarem do que memorizaram — e convenhamos que não é fácil decorar 30 linhas escritas por outra pessoa —, podem simplesmente “travar”. É preciso dominar a estrutura básica da dissertação e saber, por exemplo, que tipo de conteúdo deve aparecer em cada parágrafo.
Quem redigiu (de verdade) uma redação por mês, ao longo deste semestre, dificilmente esquecerá como fazer uma introdução nos padrões do Enem. A “decoreba” é sempre mais arriscada.
4- O resultado nas redações de outros vestibulares é muito ruim.
Cada processo seletivo tem seus próprios critérios de avaliação. O que serve para o Enem não se encaixa no vestibular da Universidade de São Paulo (USP) ou da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo.
Se o candidato estudar as estratégias de argumentação, desenvolver seu vocabulário, reforçar o repertório sociocultural e ficar bem informado a respeito do formato de cada prova, conseguirá demonstrar suas habilidades em todas as avaliações.
🤔O que fazer?
“A escrita de um texto não é uma ciência exata em que se aplica uma fórmula. Sempre vai ter de alterar algo no modelo, dependendo do tema”, explica Felipe Rico. “Por isso, é mais importante aprender a relacionar ideias e pesquisar sobre um assunto.”
Foque, portanto, em:
memorizar a estrutura geral de uma redação do Enem (quantos parágrafos, quais as partes essenciais), e não o texto corrido, por inteiro;
fortalecer o repertório sociocultural (dá para assistir a séries e filmes ou ler livros e entrevistas) para ter um leque de opções em mente, sem se ater apenas à que estava no modelo pré-pronto;
usar textos nota mil como inspiração, em vez de copiá-los.
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Sisu 2025: inscrições começam 17 de janeiro; veja cronograma

Assim como em 2024, as inscrições do Sisu só serão abertas em janeiro. Programa usa as notas do Enem para aprovar candidatos em universidades públicas. As notas do Enem são utilizadas no processo seletivo do Sisu.
Mateus Santos/g1
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025 estarão abertas entre 17 de janeiro e 21 de janeiro, conforme edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira (26). O resultado da chamada regular será divulgado no dia 26 de janeiro.
Assim como em 2024, o programa terá apenas uma edição — só em janeiro, sem o processo seletivo que usualmente acontecia nos meses de junho ou julho.
Por meio dessa etapa única, os candidatos poderão usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 para concorrer, em universidades públicas, a cursos cujas aulas começarão tanto no primeiro quanto no segundo semestre (entenda mais abaixo).
Tire suas dúvidas abaixo e veja o cronograma completo:
➡️Quem está apto a participar? Alunos que tenham ..

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Assim como em 2024, as inscrições do Sisu só serão abertas em janeiro. Programa usa as notas do Enem para aprovar candidatos em universidades públicas. As notas do Enem são utilizadas no processo seletivo do Sisu.
Mateus Santos/g1
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025 estarão abertas entre 17 de janeiro e 21 de janeiro, conforme edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira (26). O resultado da chamada regular será divulgado no dia 26 de janeiro.
Assim como em 2024, o programa terá apenas uma edição — só em janeiro, sem o processo seletivo que usualmente acontecia nos meses de junho ou julho.
Por meio dessa etapa única, os candidatos poderão usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 para concorrer, em universidades públicas, a cursos cujas aulas começarão tanto no primeiro quanto no segundo semestre (entenda mais abaixo).
Tire suas dúvidas abaixo e veja o cronograma completo:
➡️Quem está apto a participar? Alunos que tenham feito o Enem 2024 e tirado nota acima de zero na redação. Treineiros não serão aceitos.
➡️Poderei escolher em qual semestre vou entrar na faculdade? Não. Caberá à universidade, por meio da ordem da lista de classificação de candidatos, selecionar quem estudará em cada semestre. A classificação é determinada pelo desempenho de cada participante no Enem 2024.
➡️O programa possui cotas? Sim, e funciona da seguinte maneira:
Todos os candidatos concorrerão, primeiramente, às vagas de ampla concorrência.
Caso não alcancem as notas nesta modalidade e façam parte de algum dos grupos de cotas (os critérios são de raça e de renda), aí, sim, entrarão na disputa pelo benefício.
Com isso, se uma pessoa autodeclarada preta, por exemplo, tirar uma nota mais alta que a exigida na ampla concorrência, será aprovada na "lista geral" e não tirará a vaga de um cotista com desempenho mais baixo.
➡️Qual o cronograma?
Inscrições: 17 a 21 de janeiro
Resultados da 1° chamada: 26 de janeiro
Matrículas: 27 a 31 de janeiro
Manifestação de interesse na lista de espera: 26 a 31 de janeiro
5 cuidados para tomar ao se inscrever no Sisu

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Bombou no g1: questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova; relembre

Aparente falta de dados em um enunciado de matemática assustou participantes da prova. Bastava, no entanto, que os números fossem substituídos por incógnitas (como 'a', 'b' e 'c'). Questão de matemática do Enem 2024 viraliza nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Histórias curiosas, personagens divertidos e casos virais. Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2024. Hoje é dia de relembrar sobre a questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova.
Essa reportagem foi originalmente publicada em novembro.
Relembre
“Isso é conteúdo de faculdade!”, “Como você quer que eu saiba?” e “Cadê o resto [da questão]?”. Essas foram algumas das manifestações de revolta de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, no último domingo (10), diante de uma pergunta de matemática (⚪147 da prova cinza, 🟢155 da verde, 🔵137 da azul e 🟡164 da amarela).
Ela pedia qu..

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Aparente falta de dados em um enunciado de matemática assustou participantes da prova. Bastava, no entanto, que os números fossem substituídos por incógnitas (como 'a', 'b' e 'c'). Questão de matemática do Enem 2024 viraliza nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Histórias curiosas, personagens divertidos e casos virais. Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2024. Hoje é dia de relembrar sobre a questão do Enem 2024 sobre média de notas tirou paz dos estudantes durante a prova.
Essa reportagem foi originalmente publicada em novembro.
Relembre
"Isso é conteúdo de faculdade!", "Como você quer que eu saiba?" e "Cadê o resto [da questão]?". Essas foram algumas das manifestações de revolta de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, no último domingo (10), diante de uma pergunta de matemática (⚪147 da prova cinza, 🟢155 da verde, 🔵137 da azul e 🟡164 da amarela).
Ela pedia que os estudantes calculassem a média no boletim de uma pessoa, sem que nenhuma nota fosse divulgada no enunciado. A única informação disponível era a seguinte: quando o "personagem" fez a conta, dividiu o total por 5, e não por 4. E, com isso, chegou a um resultado que era uma unidade menor do que o correto.
Segundo professores de quatro cursinhos ouvidos pelo g1 (Anglo, pH, Poliedro e Professor Ferretto), essa questão não estava entre as 10 mais difíceis da prova. O que provavelmente desestabilizou os candidatos foi a aparente (e ilusória) falta de dados.
Abaixo, veja a resolução feita por Rodrigo Serra, professor de matemática do Colégio Oficina do Estudante:
Questão sobre média de notas viraliza nas redes: 'cadê o resto da pergunta?'
🖊️ Resposta: B.

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A radical teoria pós-quântica, que tenta responder o que Einstein não conseguiu

A Física moderna é baseada em dois pilares: a física quântica e a teoria da relatividade geral. O problema é que ambos são incompatíveis. 'A última palavra ainda não foi dita', disse Einstein sobre uma das maiores questões da Física moderna
Getty Images/via BBC
“Uma nova moda surgiu na Física”, queixou-se Albert Einstein no início da década de 1930.
Essa “moda” era nada menos que a física ou a mecânica quântica. A sua mera existência colocou em perigo a teoria da relatividade geral, a maior criação de Einstein, publicada em 1915.
“Se isso tudo for verdade, então significa o fim da Física”, chegou a dizer o famoso cientista.
O ponto aqui é que a física quântica e a relatividade geral são incompatíveis.
Quase 100 anos se passaram e nenhuma das duas teorias cancelou a outra. Na verdade, ambas formam os pilares de todos os avanços da Física moderna.
💡A física quântica provou repetidamente ser a melhor explicação do comportamento das menores partículas do universo, como elétrons,..

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A Física moderna é baseada em dois pilares: a física quântica e a teoria da relatividade geral. O problema é que ambos são incompatíveis. 'A última palavra ainda não foi dita', disse Einstein sobre uma das maiores questões da Física moderna
Getty Images/via BBC
"Uma nova moda surgiu na Física", queixou-se Albert Einstein no início da década de 1930.
Essa "moda" era nada menos que a física ou a mecânica quântica. A sua mera existência colocou em perigo a teoria da relatividade geral, a maior criação de Einstein, publicada em 1915.
"Se isso tudo for verdade, então significa o fim da Física", chegou a dizer o famoso cientista.
O ponto aqui é que a física quântica e a relatividade geral são incompatíveis.
Quase 100 anos se passaram e nenhuma das duas teorias cancelou a outra. Na verdade, ambas formam os pilares de todos os avanços da Física moderna.
💡A física quântica provou repetidamente ser a melhor explicação do comportamento das menores partículas do universo, como elétrons, glúons e quarks que constituem os átomos.
💡Por sua vez, a relatividade geral, que é a moderna teoria da gravidade, provou ser a melhor descrição de tudo o que acontece em grande escala, desde o funcionamento do Sistema Solar e dos buracos negros até a origem do universo.
No entanto, elas permanecem contraditórias entre si. Ou seja, as regras da relatividade geral funcionam perfeitamente para as galáxias, bem como para tudo o que nos rodeia e é visível: uma árvore, um gato, uma pérola…
Porém, assim que analisamos o comportamento de algo tão pequeno como um átomo, tudo muda.
Os pesquisadores não conseguem nem usar a mesma Matemática para explicar uma teoria e outra.
De alguma forma, a natureza consegue fazer com que os dois sistemas coexistam — mas a Ciência ainda não fez o mesmo.
Para muitos, esta incompatibilidade é a maior questão sem resposta da Física.
Einstein e milhares de outros pesquisadores em todo o mundo procuraram criar uma teoria que unisse a física quântica e a relatividade geral.
É o que muitos chamam de "teoria de tudo", um nome tão atraente que virou título do premiado filme biográfico de Stephen Hawking, um dos renomados cientistas que tentaram — também sem sucesso — encontrar o "Santo Graal" da Física.
Agora, uma nova teoria propõe uma virada radical nesta charada secular.
Seu nome, porém, é menos mercadológico: ela é chamada de teoria pós-quântica da gravidade clássica e é liderada pelo físico Jonathan Oppenheim, do Instituto de Ciência e Tecnologia Quântica da Universidade College London (UCL), no Reino Unido.
Trata-se de algo tão revolucionário que mesmo alguns dos seus detratores reconhecem que essa é a primeira abordagem verdadeiramente original a surgir em pelo menos uma década.
Há mais de 100 anos vivemos num universo cujas bases foram estudadas e definidas por Einstein
Getty Images/via BBC
A quarta força fundamental
Embora possa parecer contraditório, um dos aspectos mais inovadores da teoria de Oppenheim é o termo "clássico" em seu nome.
Até agora, a abordagem predominante para resolver a incompatibilidade entre a física quântica e a relatividade geral envolve modificar o último sistema para ajustá-lo ao primeiro.
É o que os físicos chamam de "quantização", porque no final ela se converte numa teoria quântica.
"Quantizar" a relatividade geral faz ainda mais sentido se pensarmos que é algo que os cientistas já conseguiram fazer com as outras três forças fundamentais que governam o universo: a força nuclear fraca, a força nuclear forte e a força eletromagnética.
Mas eles simplesmente não conseguiram fazer o mesmo com a gravidade — e não foi por falta de tentativa.
"É um problema matemático muito difícil", contextualiza Oppenheim à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Mas também é conceitualmente complicado, porque essas duas teorias têm diferenças tão fundamentais que é muito difícil conciliá-las."
Ele explica: "Quase todas as tentativas assumiram que devemos 'quantizar' a gravidade. A minha sensação sobre a razão pela qual essa tarefa tem sido tão difícil é que talvez não seja possível e que apontamos para a coisa errada."
Por isso, o pesquisador e a equipe dele decidiram mudar o foco e "modificar um pouco, ou muito, a teoria quântica, para que esses dois sistemas possam se encaixar".
Na nova teoria, publicada em dezembro de 2023 nas revistas Nature Communications e Physical Review X, a relatividade geral continua a ser uma teoria não quântica, ou clássica.
A física Sabine Hossenfelder, do Centro de Filosofia Matemática de Munique, na Alemanha, que não fez parte da pesquisa da UCL, diz à BBC News Mundo que a ideia de Oppenheim "é muito legal".
"É muito raro neste campo ver nascer uma nova ideia", observa a especialista.
Hossenfelder fez parte de um comitê que revisou a teoria há seis anos e, embora a achasse interessante, considerou que ela era "muito especulativa, imatura e vaga".
"Tinha tantas pontas soltas que parecia que poderia falhar completamente, por isso fiquei muito impressionada quando vi o que saiu vários anos depois, porque abordava quase todos esses pontos levantados", diz ela, que esclarece com um sorriso "sempre ter algo a comentar e a observar".
Dois conceitos básicos e um 'inaceitável'
O tecido (quadriculado branco na ilustração), que representa o espaço-tempo, deformado por uma bola (em amarelo), que faz alusão a uma estrela como o Sol
BBC
Uma bola de menor massa (em verde) acompanha a curvatura do tecido quadriculado causada pela maior (em amarelo), como acontece com a Terra em relação ao Sol
BBC
Antes de seguir a explicação sobre a teoria de Oppenheim, é importante compreender o conceito básico da relatividade geral e uma das características da física quântica que mais perturbou Einstein.
O que Einstein fez para revolucionar a Ciência em 1915 foi definir a gravidade como "uma deformação do espaço-tempo".
A maneira mais fácil de compreender esse conceito é pensar em um trampolim onde colocamos uma bola pesada — por exemplo, uma bola de bilhar.
Quando uma coisa dessas acontece, o tecido afunda no local onde a bola está.
Agora, imagine jogar nesse mesmo trampolim uma bola mais leve (uma bola de gude), e tentar fazê-la girar na borda da curvatura do tecido relacionada ao peso da bola mais pesada.
O que acontece é que a bola de gude vai se mover em círculos cada vez menores, aproximando-se da bola de bilhar.
Segundo a teoria da relatividade geral, isso não acontece porque a bola de bilhar exerce sobre a bola de gude uma força de atração invisível, mas porque o formato do tecido — ou melhor, a sua deformação — a obriga a fazer essa curvatura.
Na teoria de Einstein, o espaço-tempo faz a mesma coisa de forma quadridimensional — de modo que a Terra gire em torno do Sol, por exemplo.
Oppenheim explica que, na teoria pós-quântica da gravidade clássica "o espaço-tempo se mantém como aquele tecido em que vivem as partículas quânticas, tal como Einstein concebeu".
O que muda é que o espaço-tempo incorpora o acaso da física quântica, característica que deu origem a uma das frases mais famosas de Einstein: "Deus não joga dados."
Einstein acreditava que faltava informação na "moda" da física quântica, mas o que décadas de estudos têm mostrado é que a aleatoriedade não se deve a um erro na teoria ou a uma falha nas medições, mas a uma característica inerente ao comportamento das partículas fundamentais.
Oppenheim e sua equipe unem a física quântica e a relatividade geral, tornando o espaço-tempo também inerentemente aleatório.
"Ainda temos essa aleatoriedade na teoria quântica, mas ela é mediada pelo próprio espaço-tempo", explica o físico.
Em outras palavras, o próprio tecido começa a apresentar oscilações aleatórias.
Isto é algo "inaceitável" para muitos dos seus colegas — e é provável que Einstein também pensasse o mesmo.
"A estrutura aleatória do espaço-tempo é o que, em certo sentido, lança os dados na teoria quântica", compara Oppenheim, parafraseando Einstein.
'Ganha-ganha'
"Cada vez que você propõe uma nova teoria, é preciso fazer uma série de verificações para ver se ela é consistente com as observações", explica Oppenheim.
"E é emocionante que esta teoria faz previsões que podem ser testadas experimentalmente."
"Ao levar em conta que esta teoria exige que o espaço-tempo tenha flutuações, podemos busca-las", acrescenta ele.
Para isso, os pesquisadores propõem medir o peso de uma massa com extrema precisão e verificar se ela é constante ou se apresenta certas oscilações.
Por exemplo, o Escritório Internacional de Pesos e Medidas, localizado na França, pesa rotineiramente um objeto que foi usado para criar o padrão mundial do que é hoje considerado exatamente um quilo.
Ao utilizar novas tecnologias de medição quântica, de acordo com a teoria pós-quântica da gravidade clássica, o peso do referido objeto deixaria de ser um quilo e se tornaria imprevisível.
"Se encontrarmos as flutuações, provaremos que a teoria é verdadeira e, se não as encontrarmos, conseguiremos refutá-la", diz Oppenheim.
"Isso é particularmente emocionante", confessa ele.
Mas há ainda mais coisas a descobrir.
Oppenheim entende que a nova teoria poderia responder a outra das grandes incógnitas da Física moderna: o que são a matéria escura e a energia escura.
Para entender a importância disso, é primeiro antes saber o que esses conceitos são (e não são).
Todos os planetas, estrelas e objetos cósmicos visíveis são feitos da chamada matéria normal. Juntos, eles representam cerca de 5% do universo.
Os 95% restantes ainda são um mistério — e por isso são chamados de matéria escura e energia escura.
Se nos estudos para verificar a nova teoria, as flutuações forem suficientemente intensas, elas "seriam candidatas muito fortes para o que pensamos ser matéria escura e energia escura", segundo Oppenheim.
"Isso explicaria 95% da evolução do Universo, o que representaria um grande impacto", complementa o pesquisador.
Por sua vez, Hossenfelder destaca que a equipe da UCL desenvolveu uma Matemática completamente nova para esta teoria e afirma que a mera existência desses trabalhos pode ser útil para outros fins.
Em suma, a história da Ciência está repleta de pesquisas que tiveram aplicações inesperadas.
O próprio Einstein, aliás, acendeu a centelha que levou à física quântica — a qual ele renunciou até o fim da vida.
"Se houvesse algo que pudesse confirmar que estas previsões são verdadeiras, isso seria muito interessante e certamente atrairia diversas pessoas para observá-las mais de perto", considera Hossenfelder.
Mas a teoria só foi publicada há um ano — e derrubar décadas de consenso científico baseados nos estudos encabeçados por Einstein não será fácil.
Hossenfelder é cética sobre a nova teoria — algo que, na opinião dela, a coloca numa posição de "ganha-ganha".
A cientista ganha se estiver certa no ceticismo dela. Mas também ganha se estiver errada, porque isso significaria que ela — e todos nós — testemunhamos em vida o nascimento de uma nova revolução da Física.
*Com reportagem de Max Seitz.
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